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Corte islâmica proíbe banho de mar a mulheres na Somália

O objetivo da medida é impedir que as mulheres se misturem com homens

Por Agencia Estado
Atualização:

Uma corte Islâmica da Somália proibiu nesta sexta-feira o banho de mar para mulheres na principal praia da capital Mogadiscio. O objetivo da medida é impedir que as mulheres se misturem com homens. "Proibimos o nado de mulheres porque o ensinamento do Islã é contrário à mistura de mulheres com os homens, especialmente quando todos estão nadando", disse o xeque Farah Ali Hussein, presidente da Corte Islâmica do Norte de Mogadiscio. A proibição vale apenas para a praia de Leedo, a mais popular da Somália, onde famílias inteiras costumam passar o final de semana. As mulheres somali geralmente nadam com o corpo totalmente encoberto, enquanto os homens usam calção e, às vezes, camiseta. Miriam Isse, uma mulher que observava outros banhistas na praia nesta sexta-feira, classificou a medida como discriminatória. "Eles não podem tirar o nosso direito de nadar no mar", disse ela. "O que há de errado em aproveitarmos a vida como os homens? Isso é preconceito." As mulheres somalis normalmente nadam totalmente vestidas. Já os homens costumam nadar de calção, muitas vezes com o peito despido ou usando camisetas. Líderes da milícia islâmica passaram a dominar quase todo o sul da Somália desde que tomaram a cidade de Mogadiscio em junho. Sua severa interpretação do Islã os assemelha mais ao antigo regime afegão do Taleban, em contrate com o islamismo moderado que dominou a cultura somali por séculos. A Somália vive um vácuo de governo desde o início dos anos 1990, quando senhores da guerra destituíram a ditadura que dominava o país, dividindo a nação sob suas áreas de influência. Com a Somália dividida, as milícias islâmica viram espaço para ampliar seu poder, que culminou na tomada de Mogadiscio. Paralelamente, um governo interino reconhecido pela ONU tenta administrar o país a partir da cidade de Baidoa, mas tem sua autoridade reduzida pelos embates entre as milícias islâmicas e os senhores da guerra.

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