Cortes islâmicas da Somália anunciam formação de exército

Os Estados Unidos comparam o grupo, que tomou o controle de importantes porções da Somália, ao regime Taleban

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Por Agencia Estado
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A União das Cortes Islâmicas, grupo fundamentalista que controla a maior parte da Somália desde junho, unificará suas milícias em um exército islâmico, afirmou nesta sexta-feira (29) o xeque Mukhtar Robow, subcomandante de segurança da organização. Os combatentes fieis ao grupo islâmico irão se unir nos próximos dias em um campo de treinamento próximo à capital Mogadiscio, e ficarão sob o controle direto de comandantes das Cortes Islâmicas. "Trata-se de uma Força Islâmica unificada", disse Robow à agência de notícias Associated Press nesta sexta-feira. "Seremos mais organizados do que antes", prosseguiu. Apesar de estar em vigor um cessar-fogo entre as milícias islâmicas e o frágil governo interino somali, a União das Cortes Islâmicas continua a ampliar sua influência pelo país, o que pode gerar queixas entre os laicos. A criação de um exército unificado é visto como mais uma provocação à administração somali, estabelecido em 2004 com o auxílio da ONU. As forças islâmicas estão dividas, atualmente, entre diferentes clãs e linhas ideológicas, algumas tendo uma interpretação mais radical do Islã que outras. Robow recusou-se a dar maiores detalhes quanto ao número de homens da força, ou sobre quando ela estará pronta. A Somália não tem um governo nacional efetivo desde 1991, quando senhores da guerra depuseram o ditador Mohamed Siad Barre, passando então a lutar um contra os outros e levando o país a um total descontrole. O governo lutou para impor a sua autoridade, enquanto o movimento islâmico tomava Mogadiscio em junho, e agora controla boa parte do sul do país. A estrita, e às vezes severa, interpretação do Islã traz as lembranças do Taleban afegão, deposto pela campanha militar liderada pelos EUA, por abrigar Osama bin Laden e membros da Al-Qaeda. Além das comparações com o Taleban, os Estados Unidos acusam o grupo islâmico de fornecer abrigo para os suspeitos por atentados contra as embaixadas americanas no Quênia e na Tanzânia, em 1998. Para complicar, o líder da Al-Qaeda e maior inimigo dos EUA, Osama bin Laden, disse em recente gravação de áudio que a Somália é um importante campo de batalha de sua guerra contra ocidente.

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