
14 de julho de 2009 | 21h12
O presidente da Costa Rica, Oscar Arias, convocou uma nova reunião com o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, e o governo interino, liderado por Roberto Micheletti, para negociar uma solução para a crise política no país.
Arias confirmou que convocou as duas partes para um novo encontro a ser realizado neste sábado em San José, capital da Costa Rica.
Estevan Arrieta, do setor de imprensa da Presidência de Costa Rica, disse à BBC Mundo que representantes de Micheletti e Zelaya se reuniram nesta terça-feira com assessores de Arias para negociar os detalhes da próxima reunião.
Arias é o principal mediador da crise política em Honduras e conta com o apoio dos Estados Unidos, da União Europeia e da Organização dos Estados Americanos (OEA) para buscar uma saída para a crise iniciada no último dia 28 com a deposição de Zelaya.
'Paci ência'
Na segunda-feira, o presidente deposto deu um ultimato ao governo interino para voltar ao poder.
Segundo Zelaya, caso não fosse reempossado até o final desta semana, após a reunião mediada pela Costa Rica, consideraria a mediação como "fracassada" e tomaria "outras medidas".
Arias pediu paciência ao presidente deposto depois das ameaças de abandonar o diálogo com o governo interino.
"Claro que entendo o desejo do presidente Zelaya de regressar e retomar a Presidência o mais breve possível, mas a experiência me diz que temos que ter paciência", disse Arias.
Os Estados Unidos também se pronunciaram sobre o ultimato de Zelaya. O Departamento de Estado americano pediu para que não se adotem "prazos artificiais" para as negociações.
"Todas as partes devem dar a este processo algum tempo. Não colocar um prazo artificial. Não dizer 'se tal coisa não acontecer em certo tempo, então o diálogo está morto'", afirmou o porta-voz do Departamento, Ian Kelly.
De acordo com o correspondente da BBC Mundo em Washington, Carlos Chirinos, a Casa Branca promove a opção de negociação como uma maneira de reduzir a influência que haviam tomado os governos de Cuba, Nicarágua e Venezuela no desenvolvimento da crise em Honduras.
O governo da Venezuela chegou a sugerir uma intervenção armada para restituir Zelaya à Presidência.
Crise
No último sábado, as negociações que buscavam resolver a crise política em Honduras terminaram sem acordo, depois de dois dias de conversas na Costa Rica.
Os representantes de Zelaya insistem que qualquer solução para a crise teria que incluir sua restituição imediata como presidente.
Em contrapartida, os representantes do governo interino afirmam que as instituições hondurenhas agiram de acordo com a lei e que o presidente interino, Roberto Micheletti, deve permanecer no cargo até as eleições de novembro.
Zelaya foi retirado do poder e forçado a deixar o país no dia 28 de junho.
Ele tentou voltar a Honduras no fim de semana seguinte, mas foi impedido pelo governo interino, que ordenou que veículos militares bloqueassem a pista do aeroporto.
A crise política em Honduras começou depois que Manuel Zelaya tentou realizar um referendo para perguntar à população se apoiava mudanças na constituição.
A oposição diz que isso teria levado à remoção do atual limite de um mandato para o presidente e teria aberto caminho para uma possível reeleição de Zelaya.BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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