Cresce a aplicação de pena de morte no Iraque, diz Anistia

Desde meados de 2004, cem pessoas já foram executadas pelo governo iraquiano

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Por Agencia Estado
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A prática da pena de morte cresceu rapidamente no Iraque desde que foi reintroduzida na metade de 2004, e agora o país tem a quarta maior taxa de execuções no mundo, informou a Anistia Internacional nesta sexta-feira, 20. O grupo de direitos humanos baseado em Londres afirmou em um relatório que o Iraque sentenciou mais de 270 pessoas à morte desde que o controle do país foi entregue aos iraquianos pelos americanos na metade de 2004. Desses, pelos menos 100 já foram executados. "O Iraque agora figura entre os países com os mais altos números de execuções registradas em 2006", disse o grupo. "Números mais altos foram registrados apenas na China, Irã e Paquistão." Entre aqueles que foram executadas estão o ex-presidente Saddam Hussein e três de seus mais próximos conselheiros que foram condenados no último ano por crimes contra a humanidade por suas participações em um grande número de mortes na década de 1980. Mas além dessas grandes execuções, que a Anistia afirmou terem acontecido depois de um julgamento que "fracassou em atender os padrões internacionais de julgamento justo", o grupo de direitos humanos disse que também está preocupado sobre os casos de pequeno porte no Tribunal Criminal Central Iraquiano. Sentenças de morte são freqüentemente entregues após julgamentos muito breves em que os acusados são mal representados, raramente permitidos a apresentar evidências e são muitas vezes torturados para fazer confissões que depois são usadas contra eles. "A reintrodução da pena de morte no Iraque e sua extensão para crimes adicionais foi um passo grave e retrógrado", disse a Anistia. "Mais do que isso, foi um desenvolvimento gravemente míope, o que contribuiu, mais do que ajudar a aliviar, para a continuidade da crise no Iraque." O grupo fez uma apelo para que o Iraque introduza uma moratória nas execuções e acabe com a pena de morte, que tem a oposição da União Européia e da Organização das Nações Unidas, mas permanece comum nos Estados Unidos.

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