Cresce campanha para Baltasar Garzón ao Nobel da Paz

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Por Agencia Estado
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Parlamentares, governos, organizações não-governamentais (ONGs), fundações e universidades da Europa e da América Latina fazem campanha para que o juiz espanhol Baltasar Garzón seja o vencedor do prêmio Nobel da Paz de 2002, que será anunciado no dia 11 de outubro na Noruega. Garzón foi o responsável pelo pedido de extradição do general chileno Augusto Pinochet, acusando-o de crimes contra a humanidade. O ditador, que estava em Londres, acabou voltando para Santiago. Mas para juristas, o caso despertou a consciência de que pode haver uma justiça internacional. Outro desafio do juiz, que até agora não se concretizou, é interrogar o ex-secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger, por ter autorizado atos de violações aos direitos humanos na América Latina. O fato curioso é que Kissinger já foi ganhador do prêmio Nobel, em 1973, por sua mediação da Guerra no Vietnã. Garzón fez ainda as acusações de violações do regime militar na Argentina, nos anos 70. O juiz investiga denúncias feitas por famílias de desaparecidos, a maioria deles espanhóis que viviam em Buenos Aires. Outra investigação do espanhol está relacionada com o possível desaparecimento de 5 mil pessoas durante o regime de Alberto Fujimori, no Peru. A última iniciativa polêmica de Garzón foi colocar na ilegalidade o Partido Batasuna, na Espanha, sob a acusação de ser o braço político do grupo separatista ETA. Durante seus cem anos de existência, o prêmio Nobel nunca foi entregue a um juiz. Mas a coalizão à favor de Garzón aumenta a cada dia. Hoje, foi a vez de 70 parlamentares de Genebra declararem seu apoio ao espanhol. A Associação Latino-Americana pelos Direitos Humanos, formada pelo ex-presidente da Argentina Raúl Alfonsin já declarou seu apoio e alguns deputados do Parlamento Europeu também garantem que estão torcendo pela vitória de Garzón. Quarenta mil pessoas também assinaram uma carta de apoio à candidatura de Garzón, entre eles o presidente mexicano, Vicente Fox. Os organizadores do prêmio Nobel se recusam a fazer qualquer comentário sobre quem seriam os candidatos, mas cogita-se que o general da Aliança do Norte, Ahmad Shah Masud, morto há um ano em conflito contra o Taleban, no Afeganistão, seja o concorrente de maior peso. A candidatura póstuma de Masud tem o apoio de alguns membros do governo dos Estados Unidos. No ano passado, os ganhadores do prêmio oferecido em Oslo foram a ONU e seu secretário-geral, Kofi Annan.

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