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Cresce mistério sobre surto de gripe aviária na China

Por MEGHA RAJAGO
Atualização:

Autoridades da área de saúde lançaram nesta sexta-feira mais dúvidas sobre a origem da nova cepa da gripe aviária que está infectando humanos na China, após dados indicando que mais de metade dos pacientes não teve contato com aves. O vírus H7N9 já foi diagnosticado em 87 pessoas, principalmente no leste da China, e matou 17 pacientes. Não está claro como as pessoas estão sendo contaminadas, e a Organização Mundial da Saúde (OMS) disse não haver indícios apontando para o cenário mais preocupante -- a contaminação regular entre pessoas. O representante da OMS na China, Michael O'Leary, divulgou dados nesta sexta-feira mostrando que metade dos pacientes examinados não havia tido contato com aves, o que seria a origem mais óbvia da contaminação. Mas ele disse também que a transmissão entre humanos parece ser rara. "Esse é ainda um vírus animal que ocasionalmente infecta humanos", afirmou. "Com raras exceções, sabemos que as pessoas não estão ficando doentes a partir de outras pessoas." Especialistas dizem que é prematuro afirmar ou descartar que as pessoas contaminadas tenham tido contato com aves de criação, e eles observam que o contato com aves selvagens é ainda mais difícil de estabelecer. Um estudo científico publicado na semana passada mostrou que a cepa H7N9 é de um vírus "triplo recombinante", com uma mistura de genes de outras cepas de gripe encontradas em aves da Ásia. Uma dessas três cepas provavelmente seria originária de um passarinho chamado tentilhão-montês. O virologista Ian Jones, da Universidade de Reading, na Grã-Bretanha, disse que nenhum estudo científico conseguiu até agora identificar a origem exata da contaminação humana ou a rota da transmissão. "São coisas sobre as quais precisamos saber", afirmou. Nos próximos dias, especialistas sob o comando da OMS e do governo chinês vão visitar mercados avícolas e hospitais em Pequim e Xangai. Algumas amostras aviárias já tiveram resultados positivos, e a China abateu milhares de aves e fechou alguns mercados que vendem animais vivos. Um porta-voz da OMS disse em Genebra que "os indícios sugerem que as aves de criação sejam um veículo de transmissão, mas os epidemiologistas não conseguiram ainda estabelecer uma ligação forte e clara". (Reportagem adicional de Terril Yue Jones, em Pequim, e Stephanie Nebehay, em Genebra)

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