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Cresce pressão para que europeus contribuam com tropas no Líbano

A França, que na quarta-feira demonstrou disposição em comandar as forças de paz, ofereceu apenas 200 soldados; ONU e Estados Unidos criticaram a decisão

Por Agencia Estado
Atualização:

A Organização das Nações Unidas (ONU) apelou nesta sexta-feira para que os países europeus mostrem maior disposição em compor uma força de paz no Líbano, que por enquanto conta principalmente com o comprometimento de países de maioria muçulmana. O esforço visa permitir que tanto o Líbano como Israel vejam legitimidade nas forças de paz. Paralelamente, a França esteve no meio do fogo cruzado diplomático nesta sexta-feira ao ser pressionada pelos EUA e pela própria ONU para ampliar sua contribuição nas forças de paz. O país deve comandar o contingente, mas ofereceu apenas 200 soldados para compô-lo. "Nós ficamos decepcionados", reconheceu o vice-secretário-geral da ONU, Mark Malloch Brown, em entrevista ao jornal francês Le Monde. Há dias a ONU e os diplomatas dos países na organização esperavam um rápido envio de 2 a 5 mil homens por parte da França para o sul do Líbano. O presidente americano, George W. Bush, também mostrou-se surpreso em relação à decisão francesa. Em discurso feito nesta sexta-feira, ele não escondeu sua decepção: "A França afirmou que enviaria algumas tropas. Esperamos que enviem mais", declarou. Referindo-se a participação de outros países, Brown comemorou as promessas feitas pela Itália e pela Finlândia de enviar soldados, mas destacou que mais nações européias serão necessárias para compor a força de vanguarda de 3,5 mil homens que a ONU pretende enviar ao Líbano até o final de agosto. A Itália confirmou formalmente nesta sexta-feira que enviará soldados, mas não quis especificar um número específico. A Finlândia, por sua vez, anunciou que enviará mais de 250 soldados com a ressalva de que isso não deve ocorrer antes de novembro. Em uma reunião de 49 potenciais membros das forças de paz, os únicos países a oferecerem infantaria mecanizada foram Nepal, Bangladesh, Indonésia e Malásia - os últimos três de maioria Muçulmana. Israel não gostou da proposta. O embaixador israelense na ONU, Dan Gillerman, disse à BBC que "será muito difícil, se não impossível, que Israel aceite que tropas de países que não reconhecem Israel protegem Israel". Segundo Brown, a decisão final sobre a composição das forças caberá à ONU, mas ele destacou ser "muito importante neste momento que a Europa dê passos adiante". A ONU procura construir uma "força Muçulmana-Européia ou Européia-Muçulmana" não apenas devido ao interesse dos dois lados em manter o cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah, mas porque a combinação dá "uma legitimidade que satisfaz os dois lados deste conflito". França Mais cedo nesta sexta-feira, a ministra da Defesa francesa, Michele Alliot-Marie, defendeu a decisão mandar um reforço de apenas 200 soldados para as forças de paz no sul do Líbano. Atualmente, o país já é responsável pelo comando das tropas da ONU no país. "Eu não posso deixar que seja dito ou sugerido que a França não está cumprindo sua tarefa nesta crise", disse ela. "Desde o início, a estamos na linha de frente" para contribuir para o fim do conflito, completou. Em um comunicado, Alliot-Marie não descartou uma possível contribuição maior das tropas francesas, assim que "a missão, as regras de engajamento e os recursos disponíveis" sejam "precisos", além do fato de que "a divisão dos continentes deve refletir o engajamento de toda a comunidade internacional". As resistências vêm principalmente do exército francês, que reluta em participar de uma operação dos capacetes azuis depois da missão na Bósnia, e pelo receio dos soldados de se tornaram alvo para o Irã ou Síria, países contemplados em resoluções consignadas pela França. Ainda assim, Alliot-Marie disse que Paris está pronto para "manter seu dispositivo aéreo e marítimo próximo ao Líbano". Pressionado a esclarecer o mandato ampliado das forças de paz, o número dois da ONU declarou que o seu papel não será de "desarmar o Hezbollah em grande escala, mas sim, de controlar o acordo político" entre o governo de Israel e a milícia xiita. Se "pequenos grupos fazem contrabando de armas, ou portam armas, e se recusam a entregá-las voluntariamente, assim que se confrontarem com as nossas tropas...então, de fato, nós mesmos empregaremos a força para desarmá-los."

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