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Cresce pressão por negociação entre governo espanhol e separatistas catalães

PSOE, ONU e UE pedem para que Madri e governo autônomo encontrem solução negociada para a crise

Atualização:

BARCELONA, ESPANHA - Um dia depois da repressão violenta ao plebiscito independentista na Catalunha, cresce a pressão dentro e fora da Espanha por negociações entre o governo central e líderes da comunidade autônoma, em meio a incertezas sobre uma declaração unilateral de independência. 

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O presidente da Generalitat – o governo autônomo catalão –, Carles Puigdemont, disse nesta segunda-feira,2, que não busca uma separação “traumática” da Espanha. Segundo ele, os nacionalistas catalães querem “um novo entendimento” com Madri.

O líder do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), Pedro Sánchez, se reuniu com o primeiro-ministro Mariano Rajoy e defendeu a abertura de negociações com o governo autônomo. A União Europeia e a ONU pressionam pelo diálogo, enquanto o governo central não admite qualquer cenário em que uma república catalã seja declarada independente. 

+Votação foi vitória de governador da Catalunha

Alberto Rivera, do Ciudadanos, que compõe a coalizão de governo, pede que o governo intervenha na Catalunha e convoque eleições regionais caso a independência seja declarada, como prevê o artigo 155 da Constituição. 

Homem segura bandeira separatista catalã em ato em Barcelona Foto: REUTERS/Jon Nazca

Rajoy pretende esperar e combinar com parceiros de coalizão os próximos passos. Na Catalunha, o governo autônomo prometeu declarar a independência após o plebiscito e convocou uma greve geral para a terça-feira, 3, mas pela manhã de hoje já suavizava o discurso. 

“Não queremos uma separação traumática... queremos um novo entendimento com o Estado espanhol”, disse Puigdemont, que no dia anterior declarou que votação, que atraiu milhões de eleitores desafiadores apesar de o Tribunal Constitucional da Espanha tê-la declarado ilegal, foi válida e vinculante e seria aplicada.Ele acrescentou que o resultado final provavelmente não será apresentado ao Parlamento nesta segunda-feira ou na terça-feira.

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O líder catalão disse que não teve nenhum contato com o governo central espanhol e pediu que o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, diga se concorda com uma mediação das conversas sobre o futuro da região, a ser supervisionada pela União Europeia. Puigdemont também pediu a retirada da Polícia Nacional, enviada por Madri à Catalunha, que reprimiu o plebiscito de domingo com violência e deixou cerca de 900 feridos. 

Diplomacia

A União Europeia (UE) e a ONU defenderam que o governo espanhol para que estabeleça um diálogo com os separatistas catalães, dispostos a declarar de forma unilateral a independência da Catalunha, um dia depois do referendo de autodeterminação proibido pela Justiça e marcado pela violência policial.

Em um comunicado, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos pediu ao governo conservador de Mariano Rajoy investigações "completas, independentes e imparciais" sobre "todos os atos de violência" ocorridos no domingo na Catalunha. Por sua vez, a União Europeia pediu a Madri e Barcelona "que passem rapidamente do confronto ao diálogo", porque "a violência nunca pode ser um instrumento de política".

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