Crianças encontradas em navio descansam

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Por Agencia Estado
Atualização:

Crianças e adolescentes encontrados em um navio recém-pintado descansavam nesta terça-feira em um abrigo em Cotonu, capital comercial de Benin, enquanto as autoridades tentavam montar o quebra-cabeça e determinar se esta era realmente a embarcação que desencadeou uma verdadeira caçada por supostos traficantes de crianças escravas no Golfo de Guiné. Por causa da incerteza, a Unicef ordenou que seus funcionários ao longo da costa ocidental da África ficassem em alerta para a possibilidade de que o navio procurado pudesse atracar em outro lugar. Porta-vozes da Unicef em Benin confirmaram que as autoridades de Gabão e Camarões informaram na semana passada ter rejeitado a entrada em seus portos de um barco que transportava entre 180 e 250 crianças escravas. A embarcação foi descrita pelas fontes como "decrépita e em más condições" e o barco que atracou na madrugada de hoje em Cotonu havia sido pintado recentemente e seu nome anterior, "Nordby", ainda era visível sob a camada de pintura branca, perto do nome atual MV Etireno. O capitão do barco, o nigeriano Lawrence Onome, disse que o nome do barco foi trocado há dois anos, mas não tinha os documentos para provar a mudança de registro. Onome, que tem antecedentes criminais como traficante de crianças na Nigéria, negou estar envolvido no tráfico humano. "Não cometi nenhum delito pelo qual possa ser detido, não me dedico à escravidão de crianças, ninguém pode prová-lo", disse ele aos jornalistas. Funcionários da Unicef haviam manifestado seus temores de que a tripulação do Etireno tivesse lançado as crianças escravas ao mar para "livrar-se das evidências". Funcionários de agências humanitárias que acompanharam na madrugada de hoje a chegada do barco a Cotonu disseram que havia apenas 147 passageiros a bordo da embarcação - 23 crianças e 20 adolescentes, a maioria aparentemente acompanhada por familiares. Os passageiros, quase todos sem documentos, são provavelmente imigrantes clandestinos que buscavam trabalho em algum país da África Central, informaram fontes ligadas à administração do porto de Cotonu. As 43 crianças estavam famintas, mas sem problemas de saúde, informou Alfonso González, responsável da ONG Terra de Homens, à qual pertence um dos abrigos para os quais elas foram enviadas. A polícia esperava que elas descansassem antes de entrevistá-las.

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