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Crianças mortas em terremoto são sepultadas em cerimônia coletiva

Por Agencia Estado
Atualização:

O lamento das mães quebrou o silêncio no início do funeral das 29 vítimas do terremoto, incluindo as 26 crianças e a professora que foram soterradas quando a escola do vilarejo desmoronou. O tremor atingiu San Giuliano di Puglia, localidade com menos de 1.200 habitantes no centro-sul da Itália, na quinta-feira. O presidente Carlo Azeglio Ciampi e sua mulher, Franca, foram recebidos com aplausos na tenda onde ocorria o serviço religioso - a vila foi esvaziada e a população, removida para um acampamento na periferia. O bispo Tommaso Valentinetti, da cidade de Termoli, também atingida pelo tremor, fez um apelo às autoridades. ?Ajudem-nos a sermos vigilantes, para que essas tragédias não aconteçam, para evitar que uma experiência tão terrível se repita?. No altar, o bispo leu os nomes de todas as vítimas. A congregação ouviu em silêncio. Uma investigação apura por que a escola, um edifício de 49 anos, foi a única estrutura a desabar completamente durante o terremoto de magnitude 5,4, força que deveria ser insuficiente para destruir um prédio construído ou reformado segundo as modernas normas de resistência a terremotos. A imprensa italiana noticiou ontem que um segundo andar havia sido acrescentado ao prédio, em anos recentes. Também crescem os questionamentos sobre o motivo de toda a região - cerca de 130 km a nordeste de Nápoles - não ter sido declarada oficialmente área de risco de terremotos, especialmente após o tremor de 1980 em Nápoles, que matou mais de duas mil pessoas e deixou 30.000 desabrigados. Essa designação teria imposto normas mais rígidas à construção e à reforma de edifícios na região. O engenheiro que projetou a reforma do prédio da escola, Giuseppe La Serra, disse à agência de notícias italiana Ansa ter acrescentado duas salas de aula - e não um andar inteiro - ao prédio escolar. Se a área constasse como de risco de terremotos, os padrões de segurança teriam sido maiores, afirmou. ?Penso nas crianças que morreram o tempo todo, não durmo há dias?, Serra teria dito, embora declare estar com a ?consciência tranqüila?. O diretor da escola, Giuseppe Colombo, confirmou que todos os alunos da primeira série morreram, o que eliminou toda a população com seis anos de idade da vila.

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