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Crise de 2008 ainda castiga eleitores italianos

Com queda no poder de compra, sobram turistas e faltam italianos em restaurantes; desemprego, de 11,1%, chega a 31,4% entre jovens

Foto do author Lourival Sant'Anna
Por Lourival Sant'Anna e Roma
Atualização:

ROMA - Roma está, como sempre, repleta de turistas. Mas suas lojas e restaurantes muitas vezes estão vazios. Os fregueses que faltam são os italianos. A Itália não se recuperou da crise financeira de 2008. Com um desemprego de 11,1%, que atinge 31,5% entre os jovens de 15 a 24 anos (um dos mais altos da Europa), e uma economia que cresce abaixo da média europeia, o poder de compra dos italianos caiu muito.

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Colégio eleitoral é organizado para eleições em Milão Foto: EFE/EPA/DANIEL DAL ZENNARO

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Dono de uma pizzaria no bairro de classe média de Trastevere, Massimo Valenzi vai votar no Força Itália, de Silvio Berlusconi. “Creio que seja o único capaz de promover o desenvolvimento das empresas em geral: pequenas, médias e grandes”, espera o comerciante de 52 anos. “Quando ele estava no governo, trabalhava-se, havia movimento, estávamos bem.” O PIB italiano cresceu 1,4% em 2017.

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Assim como na pizzaria de Valenzi, não havia clientes na hora do almoço de quinta-feira na joalheira onde trabalha Matía, de 26 anos, que pediu para não publicar seu sobrenome. “Sempre os políticos fazem promessas só para ganhar as eleições”, queixou-se. “Depois de eleitos, não cumprem.” Matía disse que votaria em Matteo Salvini, líder da Liga. “Ele pode ser separatista mas, na minha opinião, tem as ideias corretas”, pondera. “Os negócios em geral estão muito parados. Há quatro anos que a economia italiana está muito devagar”, avalia, referindo-se ao período em que o Partido Democrático (PD) está no governo.

Em um bar com preços mais populares, três amigas conversam. Diana (que também prefere não dar o sobrenome), de 71 anos, professora aposentada de escola pública, diz que votará no PD do ex-primeiro-ministro Matteo Renzi e do atual, Paolo Gentiloni.

“Eu voto nas pessoas”, explica Diana. “Para mim, Gentiloni é uma pessoa séria. Confio nele. Tem formação política. Quando era ministro (das Relações Exteriores), fez um bom trabalho. O comportamento foi o mesmo”, lembra ela. “Sou de esquerda.” 

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Stefania Tentarelli, dona de casa de 69 anos, contesta: “Também sou de esquerda, mas não voto em Renzi e Gentiloni porque já estiveram no governo e, por isso, estamos nessa situação.” Ela votará no Movimento 5 Estrelas. “Não são políticos e, no momento, são um pouco diferentes. Não quero mais saber de direita nem de esquerda.”

Alicia Sagratti, estudante de história da arte de 20 anos, diz que é de esquerda e, por isso, não vota no PD. Originário da fusão do Partido Comunista e da Democracia Cristã, ela o considera de direita em razão das reformas. Seu voto vai para o minúsculo partido de extrema esquerda Poder ao Povo. “Foi formado no último ano, preocupado com temas sociais. Fizeram assembleias, discutiram o programa econômico, desarmamento militar e destinar 1% do PIB aos bens culturais.” 

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