29 de abril de 2020 | 05h00
CLEVELAND, EUA - Por 40 anos, Mike DeWine foi um político sem brilho em Ohio. No ano passado, ele assumiu o cargo de governador e se manteve discreto a maior parte do tempo. No entanto, a pandemia transformou DeWine, aos 72 anos, em algo que muitos líderes nunca conseguiram ser: uma marca.
Republicano, DeWine adotou ações precoces e ousadas para isolar o Estado, mesmo quando o chefe do partido, o presidente Donald Trump, minimizava a ameaça da pandemia do novo coronavírus. A determinação de fechar escolas antes de qualquer governador do país, adiando as primárias de 17 de março para proteger os eleitores, fez sua popularidade crescer.
Uma pesquisa da Universidade Baldwin Wallace, divulgada na segunda-feira 27, mostrou um apoio esmagador ao governador, com 85% dos entrevistados dando aval a sua condução da crise e 89% dizendo confiar nele como fonte de informação sobre o surto. Três em cada quatro afirmaram que ele estava fazendo um trabalho melhor do que o de Trump.
A resposta de DeWine ao surto ganhou elogios dos principais políticos democratas de Ohio. Muitos enalteceram seu estilo de gestão e o afastamento do presidente. “O desempenho de Mike DeWine, em contraste com o comportamento de Trump, mostra o que significam caráter e experiência”, disse Sherrod Brown, senador democrata.
O governador tornou-se uma figura cult nas redes sociais. Os moradores de Ohio acompanham seus briefings que ocorrem cinco dias da semana, um encontro apelidado na internet de “Wine With DeWine” (“Vinho com DeWine”).
Agora, o governador vem traçando uma saída da quarentena com medidas cautelosas, enfrentando a pressão de líderes empresariais, ativistas conservadores e alguns congressistas republicanos que questionam o impacto econômico do isolamento no Estado.
Uma das lições deixadas por DeWine, em sete semanas de pandemia, é ter dado voz aos especialistas em saúde pública, ignorando as diretrizes do presidente - um caso raro de governador republicano que teve coragem de se opor a Trump em momento delicado para o partido. / NEW YORK TIMES
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