CARACAS - Quase 75% dos jornais da Venezuela fecharam durante os cinco anos de recessão no país, segundo a associação nacional de jornalismo venezuelana. A situação deixa o El Nacional como o último veículo diário independente.
Observadores da imprensa advertem que a liberdade de imprensa na Venezuela diminuiu no ano passado, quando o presidente Nicolás Maduro foi reeleito para mais seis anos no governo. O país caiu seis lugares no índice de liberdade de imprensa mundial, calculado pela organização Repórteres Sem Fronteiras, e agora ocupa o 143º lugar da lista entre os 180 países pesquisados.
Segundo o Instituto de Imprensa da Venezuela (IPYS), a regulação de telecomunicações no país fechou 40 estações rádio só em 2017, alegando irregularidades em suas licenças. Apesar disso, o governo Maduro afirma tratar todos os meios de comunicação igualmente e reitera que existe liberdade de expressão no país.
No entanto, o presidente já afirmou publicamente que quer maior controle sobre a mídia, que já se manifestou contra o governo abertamente e apoiou um breve golpe contra o então presidente Hugo Chávez, em 2002.
Os fechamentos deixaram a cobertura nas mãos das rádios controladas pelo Estado e grupos de televisão pró-governo, como o Ultimas Noticias, que cobre as atividades oficiais de Maduro e ignora o aumento da desnutrição e doenças na população. "Só sobraram os restos da mídia burguesa", disse Maduro durante discurso em junho, no dia nacional dos jornalistas.
O Ministério da Informação venezuelano não respondeu aos vários pedidos de comentários sobre o tratamento dado à mídia pelo governo.
Além disso, várias iniciativas da nova geração de meios de comunicação online da Venezuela têm enfrentado cada vez mais dificuldades, reportando bloqueios em sites e sendo forçadas a encontrar formas mais criativas de fornecer notícias, como por áudios enviados pelo WhatsApp.
"É uma maneira de evitar a censura. Porque não vamos nos sentar aqui, reclamando que eles nos bloquearam", disse Cesar Batiz, que fundou o site de notícias El Pitazo, em 2014.
O Ministério da Informação também não respondeu ao pedido de comentário sobre os bloqueios aos sites. / REUTERS