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Crise espanhola dá poder total a Rajoy

Conservadores do PP conquistam 186 cadeiras do Parlamento de 350 deputados

Por JAMIL CHADE e MADRI
Atualização:

MADRI - A crise garantiu ontem a maior vitória de um partido na história das eleições da Espanha pós-franquista e o maior poder institucional desde o estabelecimento da democracia. Promoveu ainda a pior derrota da história dos socialistas, que receberam 2,6 milhões de votos a menos do que a abstenção - opção de mais de 9 milhões de eleitores.

 

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Veja também: link Espanhóis esperam mudança política mais importante da última décadalinkCOBERTURA ESPECIAL: As eleições na Espanha

Mariano Rajoy, do conservador Partido Popular, assume com carta branca para implementar um duro programa de austeridade - um alívio para os líderes da UE e os mercados.Com a confirmação da vitória conservadora nas urnas, a sociedade espanhola também envia um duro recado aos políticos tradicionais, optando por dar maior poder aos partidos menores (serão 11 deles no Legislativo), ampla abstenção e votos de protesto.Rajoy chega ao poder com a missão de cortar do orçamento 20 bilhões e cumprir as condições impostas por Bruxelas. "Tempos difíceis virão pela frente", declarou Rajoy no primeiro discurso após a vitória (mais informações sobre o discurso de Rajoy na página 12).O PP terá 186 cadeiras na Câmara Baixa (Congresso) do Parlamento, quando precisava de 175 para ter maioria. Também obteve 136 das 208 vagas no Senado - 0s rivais do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) ficaram com 48 - e conquistou o governo de pelo menos 11 das 17 comunidades autonômicas, além da grande maioria de prefeituras nas maiores cidades.Baixa participação. Na eleição de ontem, a taxa de participação foi a mais baixa em 11 anos - sintoma do acúmulo de 5 milhões de desempregados e milhões de outros descontentes. Os votos nulos sobraram em comparação a 2008 e, junto com a abstenção, chegaram perto da quantidade de votos recebidos pelo PP. "A direita chega com poder absoluto, mas margem mínima de manobra", afirmou o analista político Jesus Ceberio.As urnas espanholas confirmaram ontem que a crise econômica não perdoa governos e promove um tsunami político na Espanha. O PSOE perdeu 59 cadeiras no Parlamento. Mas a crise mundial não faz distinção de ideologias: 21 governos regionais que estavam sendo disputados não foram reeleitos. José Luiz Rodríguez Zapatero assumiu o poder em 2004 com a promessa de fortalecer os direitos sociais dos espanhóis. Deixa o cargo com um país em colapso e marcando história. Ontem, ele nem sequer falou com a imprensa e nem apoiou o candidato derrotado dos socialistas, Alfredo Rubalcaba.De 169 cadeiras que tinha, o PSOE ficou com apenas 110, resultado pior do que imaginavam os integrantes do partido e abaixo de todos os resultados anteriores, desde 1977.O protesto também foi traduzido no avanço histórico de pequenos partidos. O Parlamento espanhol terá um número recorde de partidos no Congresso, um total de 13.Antes das eleições, o domínio do PP e dos socialistas chegava a 83% das 350 cadeiras no Parlamento. Depois, caiu para cerca de 70%. Partidos como a Esquerda Unida passou de dois para onze deputados e o CiU chegou a 16. Queda em redutos. Os socialistas perderam alguns de seus tradicionais redutos, como a Catalunha.Na Andaluzia, os socialistas deixam o poder pela primeira vez em 30 anos. Dos 41 confrontos diretos entre socialistas e conservadores pelo país, o PP venceu em 39. "Governamos durante a pior crise da história de nosso país", justificou Rubalcaba, diante de poucas pessoas e se transformando no oitavo governo europeu vítima da crise mundial.A derrota ainda abre caminho para a sucessão de Zapatero como líder do partido. Ontem, Rubalcaba exigiu que um congresso se convoque para debater o assunto.

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