Crise hondurenha amplia racha político-ideológico na AL

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Por AE
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O impasse sobre o reconhecimento das eleições hondurenhas de domingo ampliou a divisão entre os países da América Latina. De um lado, estão os que acompanharam a decisão dos Estados Unidos de aceitar a eleição: Colômbia, Panamá, Costa Rica e Peru, que anunciou ontem sua posição, o que consolidou a cisão da região nos dois blocos. Do outro, o Brasil, a Argentina, o Chile e os países bolivarianos (Venezuela, Bolívia, Equador e Nicarágua), que veem na aceitação do processo eleitoral uma legitimação do golpe.De acordo com analistas, quem ganha com a divisão é, sem dúvida, o governo de facto de Honduras. "Essa incerteza era o que (o presidente de facto Roberto) Micheletti precisava para legitimar o golpe como uma solução para a ameaça representada pelo presidente deposto Manuel Zelaya", disse o costa-riquenho Kevin Casas-Zamora, especialista em América Central do Brookings Institution. "Pouco a pouco, é provável que outros países acabem também reconhecendo a votação porque, embora ela obviamente não seja a solução ideal, parece ser a única possível", concorda o especialista em política externa Clodoaldo Bueno, da Universidade Estadual Paulista (Unesp).O mandato de Zelaya acaba no fim do ano. As eleições gerais estavam previstas para este mês antes mesmo de ele ser expulso de Honduras, em junho. Apesar de inicialmente condenar o golpe, com o malogro das negociações entre o presidente deposto e o governo de facto, no início de novembro, os EUA começaram a dar sinais de que poderiam reconhecer o resultado da votação. Até então, a posição de todos os países da região era a de que o novo governo só poderia ser aceito se Zelaya, que está abrigado na embaixada brasileira desde 21 de setembro, fosse restituído antes de os hondurenhos irem às urnas. Com a divisão se ampliando, Barack Obama chegou a enviar uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na qual abordou o problema. O assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia, disse que considera "equivocada" a posição americana sobre a crise hondurenha. É nesse clima de desintegração que ocorre amanhã, em Quito, no Equador, a reunião da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), órgão criado para ampliar a integração política da América do Sul. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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