Crise humana atinge 2,5 milhões na Síria, diz ONU

Nações Unidas afirmam que a violência e a falta de recursos impedem que a ajuda oferecida pela entidade chege aos sírios

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Por JAMIL CHADE , CORRESPONDENTE e GENEBRA
Atualização:

A Organização das Nações Unidas reconheceu ontem seu fracasso em lidar com a crise na Síria e afirmou que o número de pessoas afetadas pela guerra civil dobrou desde julho. Hoje, 2,5 milhões de habitantes do país vivem uma situação de crise humana, segundo a entidade. "Um número incalculável de casas, clínicas, hospitais e (equipamentos urbanos de) infraestrutura foi destruído e o governo ainda não permitiu acesso a todos os locais onde precisamos atender a população", afirmou John Ging, diretor de operações do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários. "Não há mais nenhum lugar onde os civis possam estar em segurança."A violência, presente em quase todo o país, e a falta de recursos prejudicam o atendimento a essa população. Segundo a ONU, bloqueios em estradas controladas pelo governo e pela oposição impedem a distribuição de água, alimentos e remédios. Nove das 14 províncias da Síria são palcos de intensos confrontos e 3 milhões de pessoas têm problemas para se alimentar, de acordo com a organização. Na prática, mais de 10% da população síria é diretamente afetada pela guerra civil e 248 mil pessoas já deixaram o país. "Julho e agosto marcaram uma mudança da escala e da dimensão do conflito, diante da proliferação da violência para Alepo e Damasco", disse Ging"Além dos refugiados, 1,2 milhão de pessoas foram obrigadas a deixar suas casas e ainda estão dentro do país", disse. Segundo ele, 1 milhão de sírios vivem em prédios públicos abandonados.Segundo a ONU apenas a metade dos hospitais do país está funcionando e pelo menos 2 mil escolas foram destruídas, o que dificultará o reinício do ano letivo, previsto para a próxima semana. Outras 600 escolas estão ocupadas por refugiados.Além da violência, outro obstáculo para a ONU é obter dinheiro para atender as vítimas. Ontem, a entidade lançou um novo apelo para que a comunidade internacional aumente suas doações para US$ 347 milhões, o dobro do que estimava que necessitaria inicialmente.

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