Crise na Grécia derruba bolsas na Ásia

Diretor-geral do FMI vai à Alemanha fazer lobby por liberação de ajuda à Grécia.

PUBLICIDADE

Por BBC Brasil
Atualização:

As bolsas asiáticas sofreram quedas drásticas nesta quarta-feira em meio a sinais de uma intensificação na crise de débito da Grécia. Seguindo a tendência das bolsas americanas e europeias, que fecharam em baixa na terça-feira, o mercado japonês fechou em queda de 2,6%. Os mercados da Austrália, Hong Kong e Coreia do Sul perderam cerca de 1%.As bolsas europeias abriram em queda leve. Os mercados começaram a cair depois que a agência de classificação de risco Standard & Poor's rebaixou os papéis da dívida grega, agora classificados como títulos "podres". Nesta quarta-feira, o diretor-geral do FMI viaja à Alemanha, onde vai pedir a parlamentares do país que apoiem o pacote de resgate para a economia grega. A Alemanha é o país da zona do euro que entraria com a maior parte, de cerca 8,4 bilhões de euros, do pacote de ajuda à Grécia. Berlim mostrou relutância em liberar o dinheiro, porque queria que a Grécia adotasse mais medidas de austeridade. E a liberação ainda precisa ser aprovada pelo Parlamento alemão. Dominique Strauss-Kahn vai a Berlim acompanhado do presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, para tentar convencer os políticos alemães de que a ajuda de bilhões de euros para a Grécia é "o último recurso". Rebaixamento Durante uma visita a Tóquio nesta quarta-feira, o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, anunciou que uma reunião dos chefes de Estado e governo europeus será realizada no próximo dia 10 de maio para discutir a crise grega. Nesta quarta-feira, o jornal britânico Financial Times informou que o FMI está estudando aumentar sua contribuição para o pacote de ajuda em 10 bilhões de euros, para um total de 25 bilhões de euros. Na Alemanha, teme-se que a Grécia esteja caminhando em direção à concordata. O governo grego já reconheceu que não pode mais levantar dinheiro nos mercados internacionais e pediu a liberação do pacote de ajuda da União Europeia e do FMI para poder pagar suas dívidas que vencem no mês que vem. Na Grécia, manifestantes defendem que o país dê o calote para que os bancos internacionais arquem com o preço da crise. Na terça-feira, os mercados caíram mais de 2% em Nova York, Londres, Frankfurt e Paris depois que a Grécia se tornou o primeiro país da zona do euro a ter a classificação de sua dívida rebaixada para títulos "podres". Quando as agências de classificação de risco rebaixam o grau de investimento de um país, isso significa que o país passa a ser visto como um lugar mais arriscado para se investir. Algumas instituições financeiras, como fundos de pensão, chegam a ter normas que proíbem o investimento nos chamados "títulos podres". A classificação de Portugal também foi reduzida em dois pontos para A-, aumentando a preocupação de que a crise se espalhe pela Europa, forçando uma série de países a dar o calote, prejudicando o euro e detonando uma nova crise no mercado. Segundo analistas, os mercados não estão convencidos de que os governos da zona do euro vão ter a vontade política necessária para chegarem a um acordo sobre a ajuda para a Grécia, especialmente na Alemanha. Na terça-feira, a chanceler alemã gela Merkel reiterou que a Grécia precisa apresentar novos passos para reduzir o déficit de seu orçamento antes que seu governo endosse a liberação do pacote de ajuda de 45 bilhões de euros. "Vocês têm que economizar, vocês têm que ser justos, vocês têm que ser honestos; senão, ninguém pode ajudá-los", ela advertiu. O ministro das Finanças grego, George Papaconstantinou, disse que o rebaixamento da classificação da dívida "não reflete o estado real de nossa economia, nem a situação fiscal, nem as negociações que têm perspectivas muito realistas de que serão completadas com sucesso nos próximos dias". "A gente gostaria que a Europa agisse de maneira um pouco diferente. Três, quatro meses atrás estávamos dizendo que o mecanismo tinha que estar pronto e tinha que ser detalhado, que os mercados precisavam saber exatamente o que está acontecendo. Infelizmente, por uma série de razões políticas, estamos no limite", disse ele. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.