PUBLICIDADE

Crise na Ucrânia: Alemanha, França e Polônia defendem unidade para preservar paz na Europa

Macron, Scholz e Duda se reúnem em Berlim no contexto do chamado Triângulo de Weimar, uma iniciativa dos três países para abordar questões de cooperação desde 1991

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

BERLIM - Alemanha, França e Polônia estão unidas em seu objetivo de preservar a paz na Europa, disse o chanceler alemão, Olaf Scholz, que recebeu nesta terça-feira, 8, os presidentes francês, Emmanuel Macron, e polonês, Andrzej Duda, para falar sobre a crise ucraniana.

A manutenção da paz deve se fazer pela diplomacia e por meio de mensagens claras, segundo. "Assim como da vontade comum de agir juntos", disse o chanceler durante entrevista coletiva antes de um jantar de trabalho com o chefe de Estado francês e o presidente polonês. Scholz retornou de uma viagem a Washington na segunda-feira e Macron, de Moscou e Kiev, nesta terça-feira.  Os três respectivos países ocupam atualmente as presidências rotativas da União Europeia (França), do G-7 (Alemanha) e Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE, Polônia). "Nossa avaliação da situação na Ucrânia é idêntica", disse Scholz, acrescentando que trata-se de um encontro de relevância especial em um momento muito difícil. 

Os líderes Olaf Scholz (C), Andrzej Duda (E) eEmmanuel Macron se reúnem em Berlim, em 8 de fevereiro Foto: Thibault Camus/Pool via Reuters

PUBLICIDADE

Macron destacou o diálogo com Moscou como a única maneira de resolver o conflito. "Deve ser um diálogo exigente, visando evitar qualquer risco de escalada", disse. Mais cedo, em Kiev, o francês afirmou ter conseguido, durante sua reunião na véspera com Vladimir Putin, a garantia de que "não haverá degradação ou escalada" na crise ucraniana, mas o Kremlin nega que tal promessa tenha sido feita.

Scholz reiterou, por sua vez, que qualquer ataque à integridade territorial ucraniana terá uma resposta "contundente", em termos de sanções econômicas e políticas, embora sem especificar seu alcance. Scholz está sob pressão para se posicionar sobre a Rússia.

Duda destacou a necessidade de proteger a integridade da Ucrânia, país que, ainda que não seja um membro da União Europeia ou da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), precisa de todo o apoio do continente."Ainda é possível evitar uma guerra."

A reunião de trabalho em Berlim nesta terça-feira faz parte da engrenagem diplomática empregada em diferentes níveis pelos líderes ocidentais, na forma de viagens paralelas entre a Europa e os Estados Unidos, sempre de olho em Moscou.

Scholz voltava de sua primeira viagem desde que se tornou chanceler a Washington, onde ouviu do presidente dos EUA, Joe Biden, frases de unidade e coesão, mas também o aviso de que se houver uma invasão russa da Ucrânia, o gasoduto Nord-Stream 2 não funcionará.

Publicidade

O chanceler alemão até agora evitou dar uma resposta clara à questão de incluir o gasoduto no "alto preço" que, como ele assegurou repetidamente, a Rússia pagará no caso de uma nova agressão à integridade territorial da Ucrânia.

Por parte do governo de Berlim, apenas a ministra das Relações Exteriores, a verde Annalena Baernock, vinculou explicitamente o Nord-Stream II a possíveis sanções, no caso de uma invasão russa.

Dinamismo francês

O chanceler alemão foi criticado tanto em seu país quanto por seus principais aliados por sua ambiguidade ou indiferença em relação à Rússia. Na próxima semana, ele terá uma reunião com o presidente Vladimir Putin em Moscou.

PUBLICIDADE

Macron, por outro lado, desempenhou o papel mais dinâmico dentro do tradicional eixo franco-alemão. A sua chegada a Berlim ocorreu depois de ter protagonizado ontem um encontro midiático com Putin. Antes de viajar hoje para Berlim, teve outro encontro com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenski.

O objetivo do presidente francês - que representa junto ao chanceler alemão a defesa do canal diplomático - é conseguir algum tipo de avanço para reativar o chamado Formato Normandia.

Ou seja, o diálogo entre a Rússia e a Ucrânia, patrocinado pelo eixo franco-alemão, que até agora pouco conseguiu na crise atual pouco mais do que reuniões preparatórias em nível consultivo. A próxima está marcada para o próximo dia 10 na capital alemã, observou Macron.

Publicidade

O encontro entre Macron, Scholz e Duda faz parte do chamado Triângulo de Weimar, uma iniciativa da Alemanha, França e Polônia na qual os três países abordam questões de cooperação desde 1991.

Diante da crise na Ucrânia há divergências, principalmente no que diz respeito à Polônia, que exige dos aliados ocidentais uma postura mais firme em relação à Rússia.

Varsóvia procura o efeito de dissuasão, por meio do aumento da presença militar da Otan na região. Berlim é alvo de críticas por sua recusa em enviar armas para a Ucrânia, ao que se soma sua ambiguidade em relação ao Nord Stream 2, já concluído, mas ainda não operacional, objeto de permanente controvérsia.

Cerca de 55% do gás consumido na Alemanha é de origem russa. O Nord Stream 2 complementa o já operacional Nord Stream 1, que transporta gás russo para a Alemanha pelo Báltico sem tocar em solo ucraniano./EFE e AFP

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.