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Crise nuclear iraniana volta ao Conselho de Segurança da ONU

Os cinco membros permanentes do Conselho expressaram sua "profunda decepção" com a atitude iraniana e irão retomar o caso, com a possibilidade de aplicar sanções

Por Agencia Estado
Atualização:

Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, mais a Alemanha decidiram nesta quarta-feira levar a crise nuclear iraniana novamente ao Conselho, com a possibilidade de aplicar sanções. Os membros alegam que o regime iraniano não deu sinais de que pretende negociar seriamente seu programa nuclear. Os ministros de Relações Exteriores da França, dos Estados Unidos, da China, da Rússia, do Reino Unido e da Alemanha se reuniram nesta quarta-feira em Paris para avaliar os contatos mantidos nas últimas semanas pelo alto representante de Política Externa e de Segurança da União Européia (UE), Javier Solana, com os negociadores iranianos liderados por Ali Larijani. A última das reuniões, realizada na terça-feira em Bruxelas, não teve resultados positivos e os seis países expressaram hoje sua "profunda decepção" com a atitude iraniana, segundo a declaração conjunta apresentada ao final de mais de duas horas de conversas. O Irã se recusou a responder aos incentivos internacionais nesta semana. Os Estados Unidos e outras nações queriam uma resposta até quarta-feira sobre o pacote de incentivos. No entanto, Teerã afirmou repetidas vezes que só pretende anunciar sua decisão em agosto. O ministro francês, Philippe Douste-Blazy, foi o responsável por ler o texto comum no qual os seis países transferem a questão iraniana para o Conselho de Segurança da ONU, que há dois meses paralisou os debates para dar uma oportunidade para a negociação direta. O embaixador dos Estados Unidos na ONU, John Bolton, afirmou que espera que o Conselho tome uma decisão ainda "no início da próxima semana" sobre o rascunho de uma resolução que pedirá ao Irã para encerrar seu programa de enriquecimento de urânio. No dia seis de junho, Solana propôs aos iranianos uma oferta de colaboração política, econômica e nuclear para convencer Teerã a interromper seu programa de enriquecimento de urânio, que a comunidade internacional suspeita que pode ter como objetivo a fabricação de bombas atômicas, possibilidade que o Irã nega. A proposta inclui a transferência de tecnologia para que o Irã desenvolva energia nuclear de uso civil e garantias que favoreçam a segurança do país na região. São ofertas "ambiciosas", segundo a declaração desta quarta-feira, que diz que o "Irã não dá nenhuma indicação clara de que deseja discutir de forma substancial as propostas". Por isto os membros permanentes do Conselho de Segurança e a Alemanha afirmam que "não há alternativa" à decisão de mandar novamente a questão para a ONU. Todos voltaram a insistir na necessidade de o Irã suspender seu programa de enriquecimento de urânio, como pediu a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em várias oportunidades. Posição iraniana No caso de Teerã pensar melhor e mudar de opinião, suspendendo o programa e voltando a negociar de maneira séria, a comunidade internacional deixaria de invocar a ação do Conselho de Segurança. Em caso contrário a declaração diz que a comunidade internacional promoverá uma resolução para tornar obrigatória a suspensão reivindicada pela AIEA. A declaração menciona expressamente o recurso ao artigo 41 do capítulo VII da Carta das Nações Unidas, que alude a medidas em casos de ameaças à paz.Concretamente, o artigo estabelece que o Conselho "poderá decidir que medidas que não impliquem o uso da força armada" serão empregadas para tornar efetivas as decisões. O artigo diz que as medidas "poderão compreender a interrupção total ou parcial das relações econômicas e das comunicações ferroviárias, marítimas, aéreas, postais, telegráficas, além de outros meios de comunicação, assim como a ruptura das relações diplomáticas". O texto foi elaborado com consenso apesar de durante todo o processo terem surgido diferentes posições entre os seis países envolvidos, com os EUA sempre com uma postura mais agressiva e os europeus buscando um caminho com menor pressão, enquanto Rússia e China se mostraram reticentes a atuarem de forma dura com o Irã, com o qual têm importantes interesses econômicos.

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