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Crise política faz melhorar a imagem das Forças Armadas

Por Agencia Estado
Atualização:

A imagem das Forças Armadas melhorou na avaliação dos argentinos, a ponto de ocupar o terceiro lugar na preferência da população, logo depois dos jornalistas e da Igreja Católica. Essa melhora não está vinculada a uma mudança radical no modo de pensar dos militares, que ainda mostram um forte viés autoritário, e sim ao fracasso dos dirigentes políticos em dar respostas às exigências da sociedade. A reação dos argentinos se concentra contra duas instituições básicas: o Congresso e o Poder Judiciário. O Congresso arquivou há uma semana o julgamento político dos nove juízes da Corte Suprema de Justiça, o máximo tribunal argentino, contra a opinião da maioria. Por essa atitude, a valorização da atividade dos legisladores - deputados e senadores - é de apenas 6%. No caso da Justiça, é ainda mais baixa: apenas 4% acreditam nos juízes. Em maio passado, a imagem positiva das Forças Armadas era de 27%; subiu para 39% em julho e para 42% em setembro, segundo pesquisa institucional da consultora Research International Analogías. A maior quantidade de opiniões positivas em relação às Forças Armadas provém do eleitorado jovem e dos setores médios e baixos da sociedade. "Em sua maioria, são aqueles que votariam para presidente em Carlos Menem ou em Adolfo Rodríguez Saá, ou seja, em candidatos que se consideram de direita", destacou Analía del Franco, da consultora. Na sondagem, o jornalismo aparece com 62% de imagem favorável, seguido pela Igreja, com 59%; as Forças Armadas, com 42%; a polícia, com 32%; o Presidente, com 18%; o Congresso, com 6%; a Justiça, com 4%, e a Corte Suprema de Justiça, também com 4%. Outro estudo, realizado pela consultora Graciela Römer y Asociados e publicado com exclusividade pelo diário portenho Página 12, revelou que mais da metade dos integrantes do Exército justificam o golpe de 1976, indicando que não havia outro caminho e que as Forças Armadas foram obrigadas a instaurar a ditadura. Só um em cada dez militares considera que o golpe foi um erro histórico. Ao mesmo tempo, 60% dos militares reconhecem que houve violações aos direitos humanos durante a ditadura. É uma porcentagem significativa, mas inferior à que se registra entre os civis: 80% dos cidadãos sem uniforme afirmam que durante a ditadura os direitos humanos foram violados. Em geral, os militares têm posições conservadoras, reivindicam os valores tradicionais, desconfiam dos meios de comunicação, da educação pública e da polícia e, embora declarem ter convicções democráticas, dois em cada dez dizem que há outras formas de governo melhores que a democracia. Segundo a investigação, os militares continuam não tendo uma visão democrática. A maioria justifica ainda hoje o golpe, o que quase equivale a dizer que nas mesmas circunstâncias voltariam a estar a favor. Os argumentos são de que não havia outro caminho (11%) e que as Forças Armadas foram obrigadas a tomar o poder (45%). Outros 17% dizem que não têm posição formada, o que significa que um total de 73% não têm posturas democráticas nítidas a respeito do golpe de 1976. Do outro lado da balança está o total de 27% dos que consideram a tomada do poder como um erro histórico (13%) ou que outros caminhos deveriam ter sido tomados dentro do âmbito constitucional (14%).

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