30 de março de 2011 | 00h00
Em entrevistas, autoridades do governo disseram que estão procurando avaliar o quão sérios são esses recentes distúrbios na Síria, embora já tenham confirmação de que os protestos se espalharam, envolvendo diferentes grupos étnicos nas regiões costeiras e ao sul o país.
O novo embaixador americano em Damasco, Robert Ford, sem muito alarde, tem falado com o presidente Bashar Assad, insistindo para ele parar de abrir fogo contra a população.
As autoridades dos EUA temem que os problemas na Síria possam desestabilizar vizinhos como Líbano e Israel, mas esperam também que eles enfraqueçam Damasco, um aliado-chave do Irã. Por dois anos, os EUA tentaram persuadir a Síria a negociar um acordo de paz com Israel e se afastar do Irã - um esforço infrutífero que provocou críticas no Congresso de que o governo estava deixando à vontade um dos mais repressivos governos no mundo árabe.
O temor das autoridades é que os distúrbios na Síria e na Jordânia deixem Israel mais isolado. O governo israelense já ficou inquieto com a deposição do líder egípcio Hosni Mubarak. Teme-se que um novo governo não se comprometa com os acordos de paz.
Israel conseguiu ficar fora da agitação que toma conta da região. Mas a explosão de um ônibus em Jerusalém, na semana passada, que matou 1 pessoa e feriu 30, e o aumento dos ataques com foguetes lançados da Faixa de Gaza, aumentaram o temor de que o grupo Hamas esteja tentando se beneficiar com as incertezas.
Os protestos na Jordânia, que tem um tratado de paz com Israel, também são extremamente preocupantes, disse um funcionário americano. Os EUA não acreditam que a Jordânia está chegando a um ponto crítico, mas, afirmou o funcionário, os confrontos - que deixaram uma pessoa morta e mais de cem feridos - constituem o mais sério desafio enfrentado pelo rei Abdullah II, um aliado próximo de Washington.
A Síria, contudo, é a crise mais premente, que pode criar um problema espinhoso para o governo americano, caso o presidente lance uma repressão como fez seu pai e predecessor, Hafez Assad, que, em 1982, ordenou um bombardeio que matou pelo menos 10 mil pessoas na cidade de Hama.
Tendo interferido na Líbia para evitar uma carnificina, como o governo não pode fazer o mesmo na Síria? É o que indagam alguns analistas. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO
É REPÓRTER DO "NEW YORK TIMES"
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