Cristãos propõem suspensão temporária do cerco em Belém

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Um grupo de prelados cristãos propôs neste sábado ao secretário de Estado americano, Colin Powell, que as tropas israelenses saiam durante três dias de Belém, na Cisjordânia, e permitam que cerca de 200 palestinos armados e sitiados dentro da Basílica da Natividade deponham as armas e abandonem o templo. De dentro da igreja, os palestinos pediram a Powell sua intervenção para que o cerco seja suspenso. Solicitaram também a ajuda do secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, e do papa João Paulo II. Cerca de 200 palestinos armados buscaram refúgio em 1º de abril na milenar igreja, quando as forças de Israel invadiram Belém durante uma ofensiva na Cisjordânia que teria como objetivo combater os milicianos palestinos responsabilizados por vários atentados mortíferos contra os israelenses. Vários tanques e veículos blindados mantêm sob cerco o complexo da basílica. Há franco-atiradores no lugar e um pequeno dirigível dotado de câmaras para reconhecer o terreno. A proposta, considerada pelos cristãos uma "solução viável", é parte dos esforços para pôr fim ao cerco a um dos lugares mais sagrados do cristianismo. A igreja está construída sobre o local onde a tradição indica que Jesus Cristo nasceu. Cerca de 60 sacerdotes, monges e freiras permanecem dentro do complexo. O sacerdote Raeb Abu Sahaliya, porta-voz do patriarca católico, disse à Associated Press que a proposta foi apresentada a Powell durante seu encontro deste sábado com alguns altos membros das hierarquias católica, ortodoxa e evangélica em Jerusalém. O informante qualificou a reunião de "positiva". "Os líderes eclesiásticos disseram ao senhor Powell que consideravam as pessoas que se encontram dentro da igreja como refugiados que têm o direito de ser protegidos", disse Abu Sahaliya. "Powell lhes respondeu que confiava em que o problema fosse resolvido rapidamente." O secretário americano não fez comentários sobre a proposta, que provavelmente será rejeitada por Israel. A porta-voz do ministério de Relações Exteriores de Israel, Yaffa Ben-Ari, negou-se a emitir qualquer comentário sobre o tema. Acrescentou que, em termos gerais, Israel tenta "negociar a rendicão pacífica dos terroristas". Os funcionários israelenses e palestinos disseram que várias idéias foram apresentadas para pôr fim ao cerco sem violência nem danos à igreja. Uma delas contemplava que os palestinos armados se rendessem a uma força militar que não a israelense, mas tal proposta foi repelida por Israel.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.