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Cristina Kirchner cai nas pesquisas enquanto governo pensa na reeleição

Governadores pedem mudança na Constituição para permitir reeleições para a presidente

Por Ariel Palacios e correspondente em Buenos Aires
Atualização:

BUENOS AIRES - A presidente Cristina Kirchner, eleita em outubro passado com 54,11% dos votos, ostentava uma popularidade de 60% em dezembro, durante a posse de seu segundo mandato. Mas, de lá para cá, os problemas econômicos, somados aos escândalos de corrupção, provocaram uma queda abrupta de sua imagem. Atualmente, segundo uma pesquisa da consultoria Mangement & Fit, somente 35,4% dos argentinos aprovam a gestão de Cristina. Outros 58,4% a desaprovam.

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Esta é a primeira vez que a desaprovação da presidente Cristina Kirchner supera sua aprovação desde a morte do ex-presidente Nestor Kirchner (2003-2007) em 2010. O velório e o funeral do ex-presidente - que era considerado o verdadeiro poder no governo de sua mulher - desatou um sentimento de compaixão pela presidente que foi capitalizado por Cristina, que na época estava em baixa.

Mas, a oposição não tem motivos de celebrar, pois nenhum líder dos partidos que opõem-se à presidente foi favorecido pela queda atual de Cristina. A atomizada oposição argentina, de forma geral, recebe em média uma desaprovação de 69,2% dos argentinos.

A analista política Mariel Fornoni, da Management & Fit, disse ao Estado que a elevada desaprovação simultânea do governo e da oposição é "um sinal claro de que as pessoas estão insatisfeitas com os líderes políticos de forma geral". Segundo Fornoni, a desaprovação da população sobre Cristina aumentou por causa dos escândalos de corrupção que abalam seu gabinete, além dos problemas econômicos do país. "As pessoas consideram que os problemas são decorrentes da política econômica da presidente Cristina", afirma. "E, em época de esfriamento econômico, os casos de corrupção irritam mais o povo".

A oposição, segundo a analista, "não está fazendo seu papel, e portanto, perdeu prestígio entre os argentinos".

Re-reeleição

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Apesar da queda, vários setores do governo estão manobrando rapidamente para instalar a ideia de uma reforma da Constituição Nacional, aproveitando a divisão da oposição. O plano é reformar a carta magna, de forma a permitir uma chance de segunda reeleição consecutiva de Cristina, algo que a constituição atual impede. Esta possibilidade é denominada de "re-reeleição" pelos argentinos.

Diversos governadores kirchneristas afirmaram nos últimos dias que essa reforma é necessária e que apoiam a permanência de Cristina no poder mais além de 2015. Um deles, Jorge Sapag, de Neuquén, indicou que "o povo é quem decide se há ou não re-reeleição. Acho que não devemos proscrever ninguém". Vários governadores também pretendem reformar suas constituições provinciais, de forma a permitir reeleições estaduais indefinidas.

No entanto, os analistas afirmam que o respaldo dos governadores é circunstancial, já que, na hipótese em que não se concretizem as chances de uma segunda reeleição, a presidente sofreria uma fuga de aliados.

Para não depender tanto da estrutura de seu partido, o Justicialista (Peronista), o governo está estimulando os grupos de militância kirchnerista, tal como "La Cámpora" (a juventude kirchnerista), o "Movimento Evita" (composto por desempregados e piqueteiros) e o "Kolina" (organização criada pela cunhada de Cristina, a ministra da Ação Social Alicia Kirchner, que controla uma milionária caixa de subsídios sociais). Estes grupos, considerados o "kirchnerismo puro", formaram há poucos dias uma frente comum, denominada "Unidos e Organizados".

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Economia

A pesquisa da Management & Fit também sustenta que sete de cada dez argentinos consideram que a economia "vai por um mal caminho" e desaprovam a gestão econômica do governo Kirchner. Seis de cada dez considera que a situação ficará pior daqui para a frente. Além disso, metade dos argentinos consideram que suas situações econômicas pessoais piorarão ao longo dos próximos meses.

A crescente inflação é a principal preocupação dos argentinos na área econômica. Segundo o relatório mensal da Universidade Di Tella, que verifica as expectativas de inflação dos argentinos, a população espera uma inflação de 30% nos próximos doze meses. Na contra-mão, o governo da presidente Cristina afirma que a inflação não passará de 10%, enquanto que os economistas independentes sustentam que superaria os 25%. 

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