
22 de novembro de 2011 | 03h03
BUENOS AIRES - A presidente argentina, Cristina Kirchner, reeleita em outubro, não deseja a presença de seu vice-presidente, Julio Cobos, na posse de seu segundo mandato. Cristina, que considera o vice um "traidor", quer driblar a Constituição do país e evitar que Cobos - também presidente do Senado - conduza a leitura de seu juramento presidencial, como determina a Carta.
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Os assessores jurídicos da Casa Rosada estão elaborando estratégias para modificar a tradicional cerimônia, marcada para o dia 10. O argumento do governo é o de que Cristina, por ter sido reeleita, sucede a si mesma e, portanto, poderia ler o próprio juramento. Na sequência, Cristina pegaria de cima da mesa da presidência do Senado a faixa e o bastão presidencial.
Mas historiadores recordam que no caso anterior de reeleição, de Carlos Menem, em 1995, o presidente do Senado - seu irmão, Eduardo Menem - tomou o juramento.
A Constituição argentina determina que o vice-presidente da República é o presidente do Senado. Nesse posto, em 2008, Cobos usou seu voto de minerva e reprovou o "impostaço agrário", projeto de lei que Cristina queria aprovar. Desde então, a presidente nunca mais falou com ele. Em diversas ocasiões, os ministros de Cristina exigiram a renúncia de Cobos. No entanto, ele resistiu. Rumores indicam que o governo pretenderia que Cobos renunciasse a seu cargo minutos antes da posse, para que outra autoridade tome o juramento. Os assessores de Cobos dizem que não foram notificados sobre alterações.
Para os próximos quatro anos, Cristina optou por um vice de comprovada fidelidade, o atual ministro da Economia, Amado Boudou.
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