Cristina reage bem a operação para tirar hematoma cerebral, diz governo

Presidente – que segundo os médicos saiu da anestesia de ‘bom humor’ – deve ficar pelo menos quatro dias internada antes de receber alta

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Por Ariel Palacios e correspondente em Buenos Aires
Atualização:

BUENOS AIRES - O porta-voz da Casa Rosada, Alfredo Scoccimarro, anunciou na terça-feira, 8, que a cirurgia da presidente Cristina Kirchner transcorreu "de maneira satisfatória". Segundo Scoccimarro, a paciente estava de "bom humor" e mandava "cumprimentos a todos". O boletim médico da equipe do Hospital Fundação Favaloro afirma que o "hematoma subdural direito" foi retirado com sucesso da região do crânio.

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Os médicos disseram que "não houve complicações" na cirurgia e descartaram riscos cardíacos - no fim de semana, foi divulgado que a presidente tinha uma arritmia. Scoccimarro afirmou que Cristina estava "descansando em seu quarto". O boletim médico, contudo, afirma que ela permanece na UTI.

A expectativa, de acordo com especialistas, é que Cristina permaneça na UTI por até 36 horas. Depois, ela iria para um quarto no hospital, onde ficaria em observação três dias. Só então teria a alta e poderia voltar à residência presidencial de Olivos.

IRRIATAÇÃO

No meio da tarde, a calma no Hospital Favaloro foi interrompida pela chegada, numa ambulância, do jornalista investigativo Jorge Lanata, que comanda o programa Jornalismo Para Todos. Lanata, autor de diversas denúncias de casos de corrupção do governo Kirchner, foi internado por problemas renais. A notícia irritou os kirchneristas, já que o jornalista é um dos maiores desafetos de Cristina.

O vice-presidente argentino, Amado Boudou, que assumiu a chefia do governo interinamente durante a licença médica de Cristina, foi criticado ontem pela oposição por acumular cinco processos na Justiça por corrupção. A deputada Gabriela Michetti, uma das líderes do Proposta Republicana (PRO), de centro-direita, declarou que "Boudou significa um alto custo político para o governo".

O empresariado também está preocupado com uma eventual permanência prolongada do vice-presidente no lugar de Cristina. Diversas fontes indicaram que os empresários estão em "pânico" pela falta de autoridade e de prestígio do vice dentro do governo. Todas as associações empresariais enviaram mensagens desejando uma "rápida recuperação" para a presidente. Boudou disse em um comício na Província de Córdoba que "a presidente Cristina preocupa-se mais com a Argentina do que com sua própria vida".

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Mariel Fornoni, diretora da consultoria Management & Fit, afirmou que Boudou é o integrante do governo Kirchner com o pior índice de aprovação popular. De acordo com ela, a imagem do vice está suja porque ele está "na mira da Justiça".

O ex-vice-presidente da Argentina Julio Cobos, que rompeu com Cristina em 2008, durante o conflito com os ruralistas, afirmou ontem que "será muito difícil para Boudou exercer o poder". Segundo Cobos, Boudou "não pertence ao círculo presidencial de decisões".

AMEAÇAS

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Em discurso transmitido ao vivo da Casa Rosada, durante uma cerimônia com a presença de todo o seu gabinete, a própria Cristina, em dezembro de 2011, antes de iniciar a licença médica para uma operação na tireoide, olhou para Boudou e afirmou, apontando o indicador. "Veja lá o que vai fazer, hein? Eu não estou brincando."

Os kelpers, denominação dos habitantes das Malvinas, enviaram ontem uma mensagem a Cristina. Desde 2009, a presidente trava uma intensa campanha internacional para reaver o arquipélago que a Argentina controlou entre 1820 e 1833 e, desde então, pertence à Grã-Bretanha. "Tirando nossas diferenças, desejamos uma melhora à presidente Cristina Kirchner", dizia a mensagem postada no Twitter.

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