Cristina vai reestatizar fábrica de aviões militares

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Por Marina Guimarães e BUENOS AIRES
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A presidente argentina, Cristina Kirchner, anunciou ontem que enviará um projeto de lei ao Congresso para reestatizar uma antiga fábrica militar de aviões - a Área Material Córdoba (AMC) -, cuja concessionária é a fabricante americana Lockheed Martin. A medida faz parte da política iniciada pelo marido dela, o ex-presidente Néstor Kirchner, de fortalecer o Estado e retomar empresas privatizadas. O anúncio foi feito alguns dias antes da viagem de Cristina ao Brasil, na sexta-feira, e representa o primeiro passo para possibilitar um acordo da Argentina com a brasileira Embraer, um sonho que a presidente alimenta desde que tomou posse, em 2007. Fundada em 1926, a AMC despontou como uma das mais importantes fábricas de aviões do mundo e a primeira na América do Sul. A AMC já fabricou mais de 1,3 mil aeronaves de diversos modelos. Estimulada pelo então presidente Juan Domingo Perón, em 1930, a AMC desenvolveu o primeiro motor totalmente argentino. Com o fim do governo de Perón, a fábrica perdeu prestígio e apoio. Nos anos 90, na década das privatizações, a empresa estava deteriorada e deixou de construir aviões, mas continuou como centro de manutenção. Segundo o Ministério de Defesa, atualmente, a fábrica trabalha nos motores de dez aviões militares IA-63 Pampa, desenvolvido pela Argentina. "Com a estatização de Lockheed, será recuperada uma indústria aeronáutica de tecnologia avançada", afirmou o secretário de Planejamento do Ministério de Defesa, Oscar Cuattromo. No ano passado, em encontro entre Cristina e o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, foi discutida a possibilidade de um acordo entre a Embraer e a AMC. Antes, em seu discurso de posse, Cristina elogiou várias vezes a Embraer. A empresa chegou a confirmar, em nota, que estava em negociações com o governo argentino com o "objetivo de estabelecer um plano de cooperação aeronáutico". Essa cooperação incluiria a possibilidade de vendas de aeronaves Embraer para o mercado argentino e a capacitação da AMC para prestar serviços de manutenção e produzir peças para as aeronaves da Embraer.

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