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Críticos temem que dólares ajudem os Castros

Para conservadores, medida pode fortalecer regime; moderados veem ajuda à população

Por Carmen Gentile
Atualização:

O anúncio do fim das restrições às viagens e ao envio de dinheiro de americanos para parentes em Cuba foi criticado ontem por alguns legisladores cubano-americanos em Washington. Para eles, os dólares enviados a famílias em Cuba ajudarão a financiar o governo dos irmãos Fidel e Raúl Castro, já que as remessas estrangeiras são sujeitas à taxação federal na ilha. Confira o especial multimídia sobre os 50 anos da Revolução Cubana Outros ativistas cubanos nos Estados Unidos, porém, defendem a medida com o argumento de que ela ajudará a deixar os cubanos menos dependentes do governo cubano. "Essa estratégia ajudará ao governo, mas ajudará mais ao povo da ilha", disse Francisco Hernández, presidente da Fundação Nacional Cubano-Americana. "Essas restrições eram contraproducentes. Precisamos ampliar a relação entre cubano-americanos e cubanos da ilha." O argumento ecoa uma tese defendida pelo hoje presidente Barack Obama durante uma parada de campanha na Flórida, em maio. Na época, o candidato Obama defendeu o levantamento das restrições à ilha. "É tempo de deixar os cubano-americanos verem suas mães e pais, suas irmãs e irmãos. É tempo de deixá-los tornar suas famílias menos dependentes do regime dos Castros." MUDANÇA As políticas de linha dura com Cuba, como a adotada pela administração de George W. Bush, sempre foram populares entre os cubano-americanos, mas nos últimos anos vêm perdendo apoio. Segundo uma sondagem feita em 2008 pela Universidade Internacional da Flórida, 55% dos cubano-americanos que vivem nesse Estado americano são contrários ao embargo. A pesquisa também revelou que 65% querem que os Estados Unidos restabeleçam relações diplomáticas com a ilha. Desde que a pesquisa começou a ser realizada, em 1991, foi a primeira vez que uma maioria dos entrevistados defendeu a eliminação completa das restrições à ilha. "Nossa comunidade no exílio está tomando consciência sobre as falhas de nossas políticas", disse Tomas Bilbao, diretor executivo do Cuba Study Group. Em Havana, os cubanos - normalmente contidos em relação a questões políticas mais sensíveis - comemoraram publicamente as medidas de Obama, anunciadas pela TV estatal. "É magnífico! Era a notícia que todos esperávamos e tomara que isso marque o início de uma nova relação de amizade entre Cuba e Estados Unidos. O que Obama tem de fazer agora é levandar o embargo de uma vez", disse, em Havana, à agência de notícias France Presse, a cubana Ismary Hernández, empregada da agência estatal Cubatur, em Havana. "A possibilidade de que se possa chegar um dinheirinho extra não é nada má", declarou o motorista da companhia Cubapetróleo (Cupet) Orlando Machado.

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