Croatas atacam soldados da Otan na Bósnia

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Por Agencia Estado
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Vinte e um soldados das tropas de paz lideradas pela Otan (Sfor) na Bósnia ficaram levemente feridos hoje durante confrontos com manifestantes bósnios croatas na cidade de Mostar, no sul do país, durante uma operação para assumir o comando de um banco controlado pelos rebeldes. Segundo o porta-voz da Otan na região, tenente Lars Anderson, entre os feridos estavam soldados dos Estados Unidos, Itália, França, Espanha e Marrocos. Quatro civis bósnios também foram atingidos. O conflito começou quando policiais mascarados da Bósnia e da ONU, apoiados por tropas da Otan, cercaram a agência do Hercegovacka Banka, que foi fundado em 1997, em Mostar. Durante a operação da Sfor, nacionalistas bósnios croatas reunidos do lado de fora do banco reagiram com pedras. Além do incidente em Mostar, outras ações semelhantes aconteceram em filiais do Herzegovacka Banka nas cidades de Brijeg, Grude, Medjugorje, Orasje, Posusje, Siroki e Tomislavgrado. De acordo com fontes da Otan, o banco é uma das instituições privadas que estariam envolvidas no financiamento da ultranacionalista União Democrática Croata (HDZ), que, nos últimos meses, vem tentando desestabilizar a federação mulçumano-croata para criar um mini-Estado independente. "Quero deixar claro que o que houve foi uma operação conjunta para estabelecer uma administração provisória internacional no banco", declarou Ralph Johnson, um dos porta-vozes de Wolfgang Petrisch, alto representante da ONU na Bósnia-Herzegovina. Durante a operação de tomada do banco, uma multidão de nacionalistas croatas jogou pedras nos policiais e em funcionários estrangeiros, destruíram arquivos e danificaram escritórios da Otan. Segundo Johnson, vários carros pertencentes à aliança atlântica foram tombados pelos manifestantes. Ele disse também que vários tiros foram ouvidos das ruas. Em resposta, a Otan fechou a principal ponte do Rio Neretva, que divide os distritos croata e muçulmano da cidade, e solicitou reforço em todo o país. Para a HDZ, a operação foi um "assalto armado". O presidente do banco, Ante Ljubic, recusou-se a aceitar a autoridade do novo gerente designado, Tobi Robinson. Em Zagreb, o ministro das Relações Exteriores da Bósnia, Zlatko Lagumdzija, apoiou a operação afirmando que a diretoria do banco era "duvidosa". "A tomada do banco poderá prevenir a realização do sonho dos extremistas", completou ele. As tensões começaram a aumentar em algumas áreas croatas depois que a HDZ declarou, no mês passado, que abandonaria sua aliança com os muçulmanos e declararia um governo croata. Segundo o acordo de Dayton, assinado em 1995 para marcar o fim da guerra na Bósnia, o país foi divido em um mini-Estado sérvio e uma federação muçulmano-croata.

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