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Cuba anuncia distribuição de alimentos e aumento da cesta básica subsidiada após protestos

Cubanos terão acesso gratuito a doações de outros países e poderão adquirir quantidades maiores de itens básicos a partir de agosto; escassez é grande na ilha

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Por Redação
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HAVANA — As autoridades cubanas anunciaram nesta quinta-feira vendas adicionais de alimentos da cesta básica subsidiada, bem como a entrega gratuita de produtos provenientes de doações de outros países, quase três semanas após os protestos que abalaram a ilha.

"Aumentar a oferta de alimentos é uma prioridade do governo, prova disso é que serão entregues quilos adicionais de arroz mensalmente por pessoa, garantidos até dezembro, da receita obtida com as vendas" em moeda estrangeira, informou no Twitter o Ministério do Comércio.

Cubanos compram vegetais em mercado improvisado em Havana; Moscou envia ajuda à ilha Foto: Photo for The Washington Post by Natalia Favre

A ministra do Comércio Interior, Betsy Díaz, informou ao jornal oficial Granma que, além dos 3 kg de arroz vendidos a cada cubano mensalmente, será possível adquirir mais 1,3 kg a partir de agosto.

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Díaz explicou que o governo poderá garantir o abastecimento desses alimentos graças à arrecadação de divisas estrangeiras nas chamadas lojas MLC (Moeda Livremente Conversível), onde só se vendem produtos em dólares.

A existência de lojas de alimentos em dólares, inauguradas em julho de 2020 devido à urgente necessidade oficial de divisas, marcou diferenças em uma população acostumada ao igualitarismo e também serviu de combustível para os protestos.

A escassez de alimentos devido à crise econômica e os efeitos de 16 meses de pandemia de covid-19 foram algumas das causas que motivaram os protestos sem precedentes de 11 de julho em 40 cidades, com saldo de uma morte, dezenas de feridos e centenas de detidos.

A cesta básica mensal, que é vendida por meio de um cartão em poder de todos os cubanos residentes na ilha, inclui certas quantidades de arroz, grãos, óleo, açúcar, sal, macarrão, ovo, frango, linguiça, carne de soja e café, bem como um pão diário.

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Os cubanos dizem que a cesta não é suficiente, mas que sem ela ninguém sobreviveria devido à escassez de alimentos de venda livre.

A ministra Díaz informou que as doações que chegam de outros países estão sendo integradas em pacotes com diversos produtos "que serão entregues à taxa de um por núcleo, a todas as famílias cubanas, de forma gradual" e gratuita. México e Rússia estão entre os países que anunciaram doações.

Já a farinha de trigo doada será destinada à fabricação de pães e biscoitos, que "terão um custo mínimo de comercialização para a população, uma vez que incorporam, no seu preparo, outros insumos que não são doados", explicou.

A Bolívia anunciou hoje que enviará a Cuba uma doação de 20 toneladas de alimentos, seringas e insumos de biossegurança contra a Covid-19, para mitigar os efeitos do embargo dos EUA à ilha.

O presidente Luis Arce disse no Twitter que aprovou um decreto que "autoriza a doação de seringas, alimentos e insumos de biossegurança à república irmã de Cuba" em solidariedade à ilha, que enfrenta não só a pandemia, "mas também o brutal bloqueio econômico e comercial imposto pelos EUA".

Posteriormente, o governo boliviano divulgou o decreto detalhando a doação: 16,5 toneladas de alimentos, 2,5 toneladas de seringas descartáveis e uma tonelada de insumos de biossegurança. Um avião boliviano levará a carga para Havana na sexta-feira.

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