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Cuba tira 21 ocupantes da embaixada do México

Por Agencia Estado
Atualização:

A polícia cubana desalojou na madrugada desta sexta-feira os 21 jovens que haviam invadido na quarta-feira à noite a embaixada do México em Havana, informou hoje um comunicado do governo do presidente Fidel Castro. Após vários pedidos feitos pelos funcionários mexicanos para que o grupo abandonasse a sede diplomática, o governo do presidente Vicente Fox solicitou, mediante seu embaixador em Cuba, Ricardo Pascoe, que as autoridades cubanas desalojassem da representanção "os indivíduos que a assaltaram", afirma o comunicado do governo cubano. Às 4h30 (hora local), um destacamento de pessoal especializado e desarmado procedeu à retirada dos ocupantes, "que ocorreu da forma planejada e de acordo com os desejos do governo do México, sem que ocorresse o menor incidente", indica o comunicado oficial. Os 21 cubanos - entre eles, três menores, segundo disseram funcionários mexicanos que pediram reserva - haviam invadido a sede mexicana na quarta-feira à noite ao jogarem um ônibus que haviam seqüestrado anteriormente contra as grades da embaixada. Quatro dos 21 cubanos sofreram lesões de certa gravidade que exigiram encaminhamento para um hospital. As autoridades cubanas informaram hoje que 13 dos 21 jovens têm antecedentes penais e figuram em arquivos policiais por acusações de "roubos, furtos, posse de armas e de drogas". Já a Comissão Cubana de Direitos Humanos, ilegal mas tolerada pelo governo, disse que outras "centenas" de cubanos que, após a invasão da sede diplomática, acorreram ao local na tentativa de entrar na embaixada como passo para sair do país haviam sido "detidos e conduzidos em carros da polícia" na mesma noite. O chanceler do México, Jorge CastaÏeda, havia dito na quinta-feira, em declarações à imprensa mexicana, que pediria que os jovens "abandonassem a embaixada". Hoje, após a intervenção da polícia cubana no local, o presidente do México agradeceu Fidel Castro pela intervenção pessoal e apoio para normalizar a situação na embaixada mexicana em Havana. Sem acusações O pessoal diplomático da embaixada em Cuba disse que não apresentará acusações contra os 21 jovens. O governo mexicano também pediu aos funcionários cubanos para tratarem humanamente os desalojados. Levando em conta que os indivídios foram manipulados, disse a Chancelaria mexicana em uma declaração, o governo mexicano pediu às autoridades cubanas que considerem "fatores humanitários" no tratamento dos casos. A mencionada manipulação diz respeito às declarações feitas pelo chanceler mexicano ao inaugurar na terça-feira o Instituto Cultural do México em Miami, nos EUA, que, segundo o próprio Castañeda, foram citadas fora do contexto por "radicais" anticastristas de Miami. Durante a inauguração, os meios noticiosos de Miami atribuíram a Castañeda a declaração de que "as portas da embaixada do México na ilha estão abertas a todos os cidadãos cubanos". "Sem dúvida quiseram usar minhas declarações de forma distorcida", reagiu Castañeda ao ouvir versões de que suas palavras teriam sido divulgadas pela anticastrista Radio Martí, dos EUA, que envia mensagens a Cuba. Uma hora antes de a polícia desalojar os invasores da embaixada mexicana, Cuba emitiu o comunicado que descreveu os jovens como delinqüentes comuns, que não tinham motivação política para deixar o país. Milhares de cubanos escapam da ilha comunista a cada ano. Os críticos do presidente Fidel Castro dizem que os cubanos saem em busca da liberdade. Os funcionários de Havana afirmam que muitos partem principalmente por motivos econômicos. A Chancelaria mexicana disse que seu país havia pedido aos jovens que deixassem a embaixada porque "não haviam apresentado uma razão de peso nem invocado o direito de permanecer sob nossa representação". Quando os jovens se recusaram a sair voluntariamente, o governo mexicano pediu ao cubano que retirasse "com um mínimo de força" os ocupantes, e a desocupação se realizou "sem incidentes", acrescentou a Chancelaria do México.

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