Cubano é executado na Flórida por 3 assassinatos

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Por Agencia Estado
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Um homem que matou uma menina de 11 anos e dois companheiros de prisão condenados à morte foi executado nesta quarta-feira após desistir de suas apelações judiciais e declarar que queria morrer. Rigoberto Sánchez-Velasco, de 43 anos, havia sido declarado competente para tomar tais decisões após ser examinado por psiquiatras designados pelo Estado. Foi executado com a aplicação de uma injeção letal às 9h39 (hora local) na manhã desta quarta-feira, disse Katie Muniz, porta-voz do governador da Flórida, Jeb Bush. Sánchez-Velasco, que chegou a Miami procedente de Cuba em 1980, foi visitado nas horas que precederam sua execução por um irmão, dois sobrinhos e um sacerdote. "Quero bem a vocês todos", disse o condenado após ser amarrado à maca em que receberia a injeção. Seus lábios tremeram levemente antes de ele ser envenenado. Sánchez havia confessado o assassinato, mas em seguida o negou em uma declaração manuscrita que entregou ao sacerdote na terça-feira à noite. Seu advogado de defesa leu a declaração aos repórteres após a execução. "Não cometi o crime pelo qual vou morrer. Não importa se acreditam em mim ou não", diz a declaração. "Não posso me declarar totalmente inocente porque cometi todo tipo de pecados, incluindo o assassinato. Recebo meu castigo e estou orgulhoso de recebê-lo por essas vidas que trunquei". O governador Jeb Bush tornou sem efeito nesta terça-feira um adiamento prévio da execução, um dia depois de ter ordenado o adiamento temporário da execução de Aileen Wuornos, uma assassina em série, depois que um advogado argumentou que Wuornos não era competente para renunciar a suas apelações. Os oponentes da pena de morte disseram que permitir aos réus a revogação de suas apelações equivale a dar assistência estatal a seus suicídios. Dianne Abshire, membro do Grupo de Apoio da Flórida, que dá assistência psicológica aos condenados à morte no Estado, disse que tanto Sánchez como Wuornos eram doentes mentais. Sánchez foi sentenciado à morte em 1998 depois de ter confessado o assassinato de Kathy Ecenarro, de 11 anos, filha de sua companheira em Hialeah, perto de Miami. Enquanto estava no corredor da morte, Sánchez foi condenado pela morte a punhaladas de outros dois companheiros de pavilhão, Edward Kaprat e Charles Street. Recebeu duas setenças de 15 anos. Um exame psiquiátrico efetuado na terça-feira por três médicos designados pelo governador Bush determinou que Sánchez "não sofre de nenhuma enfermidade psiquiátrica importante e compreende a natureza e o efeito da pena de morte e a razão pela qual foi sentenciado" a essa pena. Sánchez estava muito tranqüilo e respondeu a todas as perguntas formuladas pelos psiquiatras, disse Baya Harrison, o advogado designado para representá-lo. "Deixou-me a clara impressão de que havia tomado uma decisão", disse Harrison. "Estava muito coerente e lúcido. Era bem-educado. Pediu-me que não interferisse na execução". Em uma carta manuscrita encaminhada à Corte Suprema da Flórida, Sánchez havia afirmado que fora condenado legalmente e desejava morrer. "Matei gente repetidamente, repetidamente, mesmo quando estava no pavilhão dos condenados", escreveu. Sánchez foi o condenado número 52 que o estado da Flórida executou desde que foram reiniciadas as execuções em 1976, e o oitavo a morrer por injeção letal. Desde 1924, a Flórida executou 246 condenados. Já a execução de Wuornos, prevista para 9 de outubro, foi adiada temporariamente na segunda-feira depois que um advogado de Fort Lauderdale argumentou que a mulher não era competente para rejeitar suas apelações. Wuornos, de 46 anos, uma das primeiras assassinas em série da nação, foi condenada por matar a tiros seis homens nas estradas da Flórida entre 1989 e 1990. A ordem de execução de Sánchez Velasco foi assinada enquanto o Tribunal Supremo estadual estudava uma decisão do Supremo Tribunal Federal a respeito de um caso do estado de Arizona para determinar se deveria ser aplicada a pena de morte imposta a 369 réus. O máximo tribunal decidiu que só os jurados e não os juízes podem condenar à morte os culpados.

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