Cultivo de papoula no Afeganistão aumentou 59%, diz ONU

A área de cultivo da papoula atingiu o recorde de 165 mil hectares em 2006, contra 104 mil em 2005

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Por Agencia Estado
Atualização:

O cultivo de papoula, planta a partir da qual é produzido o ópio, aumentou 59% no Afeganistão em 2006, segundo o Escritório das Nações Unidas contra as Drogas e o Crime (UNODC). Uma pesquisa sobre o ópio no Afeganistão elaborada pelo UNODC mostra que a área de cultivo da papoula atingiu o recorde de 165 mil hectares, contra 104 mil em 2005. No sul do Afeganistão, a região mais conflituosa do país, os cultivos da papoula branca aumentaram 162%, chegando a 69.324 hectares. "Estes números são muito alarmantes" disse o diretor-executivo do UNODC, Antonio María Acosta, em entrevista coletiva concedida sábado em Cabul após apresentar os dados da pesquisa ao presidente do país, Hamid Karzai. "O Afeganistão é cada vez mais dependente das drogas", acrescentou Acosta. Karzai afirmou estar "muito decepcionado com o fato de o progresso do ano passado na erradicação de plantações de papoula ter dado marcha à ré este ano". "Qualquer que sejam os motivos do aumento das plantações de papoula no Afeganistão, o governo e a comunidade internacional devem aprender as lições e trabalhar melhor em todas as frentes da luta contra as drogas, para garantir, a qualquer custo, que isto não se repita no ano que vem", disse o presidente. Karzai afirmou que a luta contra o narcotráfico se mostrou inadequada, entre outros motivos, porque não conseguiu dar meios alternativos de vida aos agricultores. Por isso, pediu um maior apoio internacional nesta área. Segundo o relatório elaborado pelo escritório das Nações Unidas, a colheita afegã de papoula este ano será de cerca de 6.100 toneladas, o que significa 92% da produção mundial e supera o consumo atual de opiáceos no mundo em 30%. Apenas seis, das 34 províncias do país, estão livres do cultivo da papoula branca, planta da qual se extrai o ópio, depois transformado em heroína para ser consumida no Ocidente. De acordo com Acosta, "a opinião pública está cada vez mais frustrada pelo fato de o cultivo de papoula no Afeganistão estar fora de controle". "O investimento político, militar e econômico dos países da coalizão não têm um impacto muito visível sobre as plantações" de espécies a partir das quais são produzidas drogas, disse o diretor-executivo do UNODC. "Como resultado, o ópio afegão está aumentando a insurgência no oeste da Ásia, alimentando máfias internacionais e causando cem mil mortes por overdose a cada ano", afirmou.

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