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Cúpula da Unasul é teste para liderança do Brasil na região, diz 'El País'

Para jornal, fracasso de reunião seria fracasso do país, que busca consolidar liderança na região.

Por BBC Brasil
Atualização:

Um eventual fracasso da cúpula da Unasul (bloco dos países da América do Sul) seria também um fracasso para a tentativa do Brasil de mostrar liderança na região, segundo afirma artigo publicado nesta sexta-feira pelo jornal espanhol El País. O texto observa que a cúpula desta sexta-feira em Bariloche, na Argentina, tem como principais objetivos "tanto desativar o conflito surgido entre Colômbia e Venezuela a propósito da decisão de Bogotá de permitir o acesso de tropas americanas a sete bases militares próprias quanto proteger a existência da própria Unasul". O artigo comenta que "o Brasil, principal impulsor da Unasul, tenta fazer com que a reunião termine com um desacordo não traumático, mas o presidente venezuelano, Hugo Chávez, já deixou entrever que a reconciliação é impossível e que não descarta anunciar ali mesmo em Bariloche a ruptura de relações com a Colômbia". Para o jornal, "um fracasso estrepitoso da cúpula implicaria também o fracasso do Brasil e prejudicaria sua intenção de consolidar sua liderança no continente precisamente por meio de organismos como a Unasul". O artigo observa que a União das Nações Sul-Americanas nasceu há apenas quatro anos com o objetivo de integrar os países da região e facilitar o diálogo sobre temas específicos do continente. "O Brasil não está contente com a decisão colombiana de autorizar o uso de suas bases, mas aceita que é um fato e se conforma com que a Colômbia dê seguranças de que só poderão ser usadas pelos Estados Unidos dentro do próprio território colombiano", diz o jornal. Conselho O artigo comenta, porém, que o acordo entre Colômbia e Estados Unidos contrariaria a proposta da Unasul de se evitar alianças militares fora do bloco e questionaria a razão de ser do Conselho de Defesa Sul-Americano (CDS), criado pela Unasul para dar respostas conjuntas aos desafios de segurança na região. "O presidente Lula vem manobrando em todas as direções para impedir que a iniciativa colombiana e a irada resposta de Caracas acabem com o CDS, que nunca despertou a menor simpatia entre os militares norte-americanos", afirma o jornal. O artigo observa que Lula pediu, em encontro com o presidente americano, Barack Obama, garantias jurídicas de que as bases não serão usadas a não ser para o combate ao narcotráfico e o terrorismo na Colômbia, mas que Obama deixou nas mãos da Colômbia a tarefa de dar explicações sobre o acordo. O jornal observa que a pressão levou o presidente Álvaro Uribe a visitar vários países da região para explicar o acordo e também a confirmar sua presença na reunião de Bariloche. Uribe não havia comparecido à cúpula anterior da Unasul, no Equador. Apesar disso, Uribe quer que a cúpula também discuta o aumento dos gastos militares da Venezuela e de outros países sul-americanos que estão comprando armamentos de China e de Rússia. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.