Cúpula europeia debate futuro presidente e solução para o clima

Europa ainda precisa definir contribuição financeira para países pobres e metas de redução de emissões.

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Por Marcia Bizzotto
Atualização:

Os governantes dos 27 países da União Europeia (UE) discutirão como financiar a luta contra o aquecimento global nos países em desenvolvimento nesta quinta-feira, em Bruxelas, durante uma cúpula de dois dias que também marcará o início das negociações sobre o futuro presidente do bloco. A menos de dois meses da conferência de Copenhague sobre o clima, o primeiro-ministro sueco, Fredrik Reinfeldt, cujo país exerce a presidência europeia no momento, alerta que a UE precisa definir o valor com o qual pode contribuir com os países mais pobres. "Caso contrário, corremos um grande risco de que as negociações [em Copenhague] fracassem porque os países em desenvolvimento não aceitarão assumir metas de redução de emissões", Reinfeldt afirmou na véspera da cúpula. Até agora a única proposta sobre a mesa é uma recomendação da Comissão Europeia (CE), braço executivo da UE, de que os países do bloco contribuam com 15% do total de 100 bilhões de euros anuais estimados como necessários até 2020. A falta de um acordo entre os ministros europeus de Economia, na semana passada, é um sinal de que será difícil chegar a uma conclusão durante esta cúpula. Os países do Leste europeu afirmam que não podem se comprometer financeiramente enquanto a crise ainda causa estragos em suas economias. Por outro lado, alguns países defendem que determinar esses valores agora seria imprudente e deixaria a UE sem cartas na manga durante a negociação em Copenhague. Os europeus já se comprometeram a reduzir em 20% suas emissões de gases com o efeito estufa até 2020 e pretendem convencer os demais países desenvolvidos a somar-se a um compromisso de aumentar esse recorte a 30%. Presidência Durante esta cúpula também se espera que os governantes europeus iniciem um debate sobre quem deverá assumir a presidência da UE, um cargo criado com a entrada em vigor do Tratado de Lisboa com o objetivo de dar mais peso ao bloco na esfera internacional. O ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair foi durante muito tempo o nome mais cotado, mas começou a perder apoio há algumas semanas, desde que o presidente francês, Nicolas Sarkozy, afirmou que "será muito difícil que a Europa admita um presidente proveniente de um país que sequer adotou o euro como moeda". A opinião é compartilhada pelo primeiro-ministro de Luxemburgo, Jean-Claude Juncker, que esta semana se disse disposto a aceitar a presidência europeia caso receba a proposta. Juncker defende que o futuro presidente da UE deve ser alguém "cuja principal preocupação seja servir a Europa". No entanto, a ministra sueca de Assuntos Europeus, Cecília Malsmtröm, ressalta que "ainda não existem candidatos oficiais ao cargo" e que a discussão não consta na agenda oficial da cúpula. Antes de começar a negociar cargos, a presidência sueca quer resolver a situação do Tratado de Lisboa, que ainda precisa da assinatura do presidente de República Tcheca, Vaclav Klaus, para poder entrar em vigor. Espera-se que os governantes europeus concordem incluir no documento uma declaração jurídica excluindo os tchecos da Carta de Direitos Fundamentais, como exige Klaus. Ainda assim, a assinatura do presidente tcheco dependerá de uma decisão da Corte Constitucional de seu país, que na próxima terça-feira deverá se pronunciar sobre a compatibilidade do Tratado de Lisboa com a Constituição Nacional. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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