PUBLICIDADE

Curdos cobram participação no Iraque pós-Saddam

Por Agencia Estado
Atualização:

Os curdos do Iraque não participarão da planejada ofensiva militar norte-americana contra Saddam Hussein caso não sejam incluídos nos planos norte-americanos para o período posterior ao conflito militar, disseram líderes curdos nesta sexta-feira. "Antes de estarmos envolvidos em qualquer ação militar, temos de saber qual é o objetivo", disse Massoud Barzani, do Partido Democrático do Curdistão, após uma conferência realizada em Paris para discutir o futuro dos curdos iraquianos. Barzani, um dos principais líderes curdos, querem ser parceiros na reconstrução do Iraque após a eventual derrubada de Saddam. Barzani e Jalal Talabani, da União Patriótica do Curdistão, manifestaram reservas com relação à possibilidade de os Estados Unidos instalarem um governo militar no Iraque após a guerra. "Nós não queremos ver nenhum governante militar à frente do Iraque, seja ele iraquiano ou estrangeiro", explicou Barzani aos jornalistas. Barzani e Talabani insistiram que os curdos iraquianos estão unidos no apoio a um governo federal democrático em Bagdá se Saddam for derrubado. Eles também aproveitaram para dizer que a vizinha Turquia nada tem a temer com relação à plena participação curda num futuro governo iraquiano. "Nós garantimos que nossa área não servirá de base para que os inimigos da Turquia atuem contra ela", prometeu. A Turquia é contrária ao estabelecimento de um governo federativo no Iraque por temer que a concessão de autonomia aos curdos do país vizinho inspire sentimentos nacionalistas na comunidade curda que vive em território turco. Os palestrantes da conferência argumentam que a concessão de autonomia às diversas regiões do país garantirá que os grupos étnicos e religiosos não sejam obrigados a lidar com a repressão atualmente sofrida. Os curdos e outros grupos apóiam o sistema federativo por acreditarem que isto dará a eles uma certa autonomia sobre a região em que vivem, no norte do Iraque. Os palestrantes lembraram que a eventual queda de Saddam exigirá que os diversos grupos existentes no Iraque negociem um governo consensual. Caso contrário, o ciclo de violência e despotismo poderá repetir-se no país.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.