04 de outubro de 2012 | 03h02
Aliadas até pouco tempo, Turquia e Síria se aproximam de um conflito que pode causar uma guerra regional. Por trás da crise está a questão curda e a ambição de seus dois líderes. Bashar Assad segue firme na luta para manter-se no poder. O premiê turco, Recep Tayyp Erdogan, quer transformar o país em uma nação presidencialista, com ele como presidente.
Até o início de 2011, eles eram aliados. A Turquia era a maior parceira comercial da Síria. Nas ruas de Damasco, havia dezenas de gigantescos cartazes do líder turco e praticamente nenhum do iraniano Mahmoud Ahmadinejad. Mas Erdogan não tolerou a repressão do regime secular sírio contra uma oposição sunita religiosa e não queria estar do lado errado quando a Primavera Árabe chegasse a Damasco.
Assad irritou-se com o apoio de Erdogan aos rebeldes e decidiu se vingar. Aos poucos, concedeu autonomia para áreas curdas na fronteira entre os dois países. Os curdos, inimigos de Ancara, estreitaram relações com o Curdistão iraquiano e abriram as portas para o PKK (grupo separatista curdo) iniciar ações desde seu território.
Erdogan não tolera o apoio de Assad aos curdos. Quer bater forte nos curdos da Síria para acabar com o oásis que eles possuem no território sírio, de onde podem lançar operações contra a Turquia. Apenas aguarda uma desculpa para entrar na Síria e combatê-los.
Talvez o estopim não tenha sido esse, mas a advertência foi dada. Se Damasco não tiver cautela na fronteira, pode entrar em guerra com Turquia e Otan.
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