Curdos passam a controlar partes da Síria

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Por ANDREI NETTO , CORRESPONDENTE e PARIS
Atualização:

Em meio à guerra civil na Síria, milícias curdas assumiram o controle de facto de áreas do nordeste do país, um território abandonado pelas Forças Armadas. A região fica perto de Kobani, Derik e Efrin, junto às fronteiras com a Turquia e o Iraque, onde grupos nacionalistas esperam estabelecer uma região autônoma. Preocupado com as ambições da minoria, o Exército turco reposicionou tropas na região. Segundo informações extraoficiais, não confirmadas por Damasco, a tomada de controle do nordeste sírio teve início em 19 de julho, quando se intensificou a rebelião em Alepo, a maior cidade do norte do país. De acordo com agências de notícias curdas, Forças de Defesa Popular (YPG) vêm sendo montadas em toda a região, ao mesmo tempo em que escolas estariam adaptando seus currículos e incluindo a língua local. A situação ainda é instável. Segundo Ghaleb Semo, militante curdo do movimento pacifista, esse controle pode não se sustentar. "Não existe um território livre, e sim abandonado. O regime sírio poderia exercer o poder, mas não o exerce neste momento", explicou ao Estado.Armados, os milicianos fazem a "segurança" da região, evitando a tomada de controle pelo ESL e liberando as forças do regime para atuar em outras frentes. "O regime de Damasco não quer provocar os curdos deslocando seu Exército nessa zona para não abrir novo fronte no país", diz o ativista curdo Bachar Issa. Além de produzir mais um foco de instabilidade, a crescente autonomia dos curdos preocupa a Turquia. Em 11 de julho, o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, assinou um acordo de não agressão com o Conselho Nacional Curdo. Mas os milicianos armados do Conselho dos Povos e do PYD não participaram do entendimento. Nesta semana, segundo a agência de notícias Firat, tropas turcas teriam invadido a Síria em busca de ativistas curdos abrigados na região de Kobani. Dentro da Turquia, os problemas também estariam se agravando: há 20 dias, militantes curdos armados teriam assumido o controle de rodovias da região de Hakkari, próximo à fronteira com o Iraque e o Irã.

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