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Custo de campanha nos EUA triplica em 20 anos e deve atingir US$ 9,8 bi

Partidos e candidatos buscam doações para cobrir gastos crescentes

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Por Cristiano Dias
Atualização:

"Duas coisas são importantes na política. A primeira é o dinheiro. A segunda eu não me lembro." A frase do republicano Mark Hanna, senador no início do século 20, ainda soa atual. O custo do ciclo eleitoral americano - somadas as campanhas presidencial, legislativas e locais - deve chegar a US$ 9,8 bilhões, de acordo com estimativa da empresa de pesquisa de mídia Borrell Associates. O valor é três vezes maior do que os US$ 3,2 bilhões que foram gastos 1992.

 

 

 

No entanto, se a internet criou novas plataformas que encareceram a disputa, ela também facilitou a arrecadação. Em 2008, o presidente Barack Obama soube usá-la para obter US$ 500 milhões, a maioria de pessoas que doaram menos de US$ 200. Nesta eleição, os democratas já não têm a mesma vantagem, apesar de o perfil de doadores ter se mantido igual. Embora Obama tenha arrecadado US$ 587,8 milhões até julho - os dados de agosto não foram divulgados -, ele foi superado por Mitt Romney nos últimos três meses. Para tentar recuperar terreno, a campanha de Obama anunciou, em agosto, que aceitaria doações por mensagem de texto. Uma semana depois, contudo, os republicanos fizeram o mesmo. Os mecanismos de arrecadação também melhoraram após uma decisão da Suprema Corte, de 2010, que autorizou a criação de Super PACs, grupos de apoio às candidaturas autorizados a receber doações ilimitadas. O primeiro resultado prático dessas mudanças é que a eleição ficou mais cara. Na corrida presidencial de 1980, o republicano Ronald Reagan e o democrata Jimmy Carter gastaram juntos US$ 92,3 milhões, menos do que Obama torrou só em julho.A segunda consequência visível é uma enxurrada de anúncios nos meios de comunicação. Segundo o do instituto Kantar Media, Romney e Obama gastarão cerca de US$ 730 milhões em propagandas na TV nos próximos 60 dias - o dobro do que já foi gasto até agora.Segundo pesquisas, 90% dos americanos já decidiram em quem votar. Além disso, 32 Estados permitem a antecipação do voto, geralmente pelo correio ou por meio de cédulas depositadas antes da votação. Em 2008, 30% dos eleitores votaram com antecedência. Na prática, isto significa que a montanha de recursos será consumida na tentativa de obter o voto dos 10% de indecisos e o mais rápido possível. No entanto, muitos analistas afirmam que o impacto do dinheiro vem diminuindo rapidamente. David Hill, consultor republicano, acredita que atrair a atenção do eleitor tornou-se uma tarefa complicada. "Apesar da escalada dos preços dos anúncios de TV, eles têm sido cada vez menos assistidos", disse. Em artigo recente, o colunista David Brooks, do New York Times, também mostrou desconfiança. "As eleições estão saturadas. Nas disputas mais apertadas, todos os candidatos conseguem uma quantidade enorme de dinheiro e a utilidade marginal de cada novo dólar gasto é zero", escreveu. "Hoje, o dinheiro quase nunca estabelece a diferença entre a vitória e a derrota."

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