
07 de maio de 2013 | 02h06
A deputada de oposição Elisa Carrió, líder da Coalizão Cívica, apresentou ontem um pedido à Justiça argentina para que investigue uma denúncia de corrupção feita no fim de semana por Miriam Quiroga, ex-secretária de Néstor Kirchner (2003-2007).
Segundo a assessora particular do ex-presidente, morto em 2010, o líder argentino recebia de empresários "pesadas" sacolas de dinheiro na sala na Casa Rosada, que não se manifestou sobre o caso.
"Ela (Miriam) contou agora a mesma coisa que eu havia denunciado em 2008. Espero que o juiz finalmente investigue o caso. É uma tristeza tudo o que (os Kirchners) roubaram", afirmou Carrió.
A ex-secretária presidencial apontou o ministro de Planejamento Federal, Julio De Vido, e o ex-secretário presidencial Daniel Muñoz, como alguns dos receptores das entregas. A denúncia foi feita no domingo à noite, durante o programa Jornalismo Para Todos, do jornalista Jorge Lanata, no canal Trece.
O ex-chefe do gabinete de ministros, Alberto Fernández (2003-2008), afirmou ontem não saber nada sobre o caso. "Eu nunca vi nada disso que a Miriam contou. Mas tampouco posso dizer que aquilo que ela está dizendo não é certo. Talvez acontecesse em outras salas da Casa Rosada. Eu nunca vi uma sacola de dinheiro no palácio presidencial. Mas isso não quer dizer que não existiram". Fernández rompeu com o governo há cerca de dois anos.
Segundo Miriam - que trabalhou com o casal Kirchner mais de dez anos atrás na Província de Santa Cruz - a presidente Cristina "estava por dentro de tudo". "A proximidade que tive com o presidente (Kirchner) me permitiu sempre ouvir as conversas".
Em 2011, uma reportagem da revista Noticias a classificou como "a outra viúva de Néstor Kirchner" (mais informações nesta página).
As sacolas, entregues na Casa Rosada, eram, segundo ela, levadas na sequência para a Província de Santa Cruz, terra natal de Kirchner e seu feudo político. Miriam disse que na época em que trabalhava com Kirchner ouviu conversas dos assessores presidenciais que indicavam que o dinheiro, além de lingotes de ouro, estava dentro de cofres em casas que os Kirchners possuíam nas cidades de Río Gallegos e El Calafate.
Miriam, que foi locutora do ex-presidente e diretora do Centro de Documentação Presidencial - além de sua secretária (embora sem o cargo formal) -, foi despedida poucas semanas depois da morte de Kirchner.
Patrimônio. A ex-secretária, que tinha seu escritório na frente da sala de Kirchner na Casa Rosada, também citou as conexões do casal presidencial com o empresário Lázaro Báez, que há um mês começou a ser investigado pela Justiça por lavagem de dinheiro.
Báez, sócio dos Kirchners em vários empreendimentos, deu a Cristina o luxuoso mausoléu de granito no qual está o corpo de Kirchner em Río Gallegos. O empresário, que nos anos 90 era um simples funcionário do Banco de Santa Cruz, enriqueceu nos últimos dez anos com uma empreiteira criada em 2003.
A empresa realizou grande parte das obras públicas do governo Kirchner e detém 82% dos contratos desse tipo em Santa Cruz. Baéz é o dono da empresa Atlântico Sul, que tem um hangar onde está estacionado o avião presidencial Tango 01.
O casal Kirchner também enriqueceu nesta década em que esteve no poder.
Segundo a declaração oficial de bens, a fortuna aumentou em mais de 1.000% desde 2003. No período, o patrimônio dos Kirchners saltou de US$ 1,47 milhão para US$ 18,8 milhões.
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