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De la Rúa é criticado por voto contra Cuba

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente Fernando de la Rúa foi alvo nesta quinta-feira de várias críticas, algumas delas de sua coalizão Aliança e de funcionários governamentais, pelo voto contrário a Cuba dado na véspera pela Argentina na Comissão de Direitos Humanos em Genebra. De la Rúa já havia sido criticado no ano passado, devido ao anterior voto argentino em Genebra, quando o representante de seu governo repetiu a postura adversa a Cuba adotada pelo ex-presidente peronista Carlos Menem. Uma das bandeiras eleitorais da Aliança durante a campanha para as aleições presidenciais de outubro de 1999 foi a de abandonar o chamado "alinhamento automático" com os EUA defendido por Menem. Na época, a Aliança propôs acompanhar a postura da maioria dos países latino-americanos - particularmente a do Brasil, principal associado político e econômico da Argentina no Mercosul. Há dois meses, os titulares das duas forças da Aliança - o ex-presidente Raúl Alfonsín, da União Cívica Radical (UCR), a que pertence De la Rúa, e o ex-vice-presidente Carlos "Chacho" Alvarez, da social-democrata Frente País Solidário (Frepaso) - pediram ao presidente que este ano consultasse a coalizão, e se pronunciaram em favor de um voto de abstenção argentino em Genebra. Mas De la Rúa reivindicou seu direito de dirigir a política exterior e ontem à noite, antes de partir para Washington para entrevistar-se com o presidente George Bush, disse que o voto argentino "não é dirigido contra ninguém e, sim, em defesa da vigência dos direitos humanos". O chanceler Adalberto Rodríguez Giavarini, por sua vez, manifestou que "a Argentina foi guiada pelo amor ao povo cuabano, por isso votou a seu favor e jamais (votará) contra ele". Por sua vez, a subsecretária governamental de Direitos Humanos, Diana Conti, disse respeitar a decisão, "mas em minha opihião pessoal não teria votado contra. O nível de cumprimento aos direitos humanos em Cuba é igual ao de qualquer outro país da América Latina. A diferença é que eles não têm um governo democrático". A Frepaso disse "lamentar o voto favorável da Argentina sobre a resolução que condena o Estado cubano". Segundo a frente social-democrata, "teria sido preferível a abstenção, a fim de não envolver nosso país em um problema político muito delicado, que extrapola a questão dos direitos humanos e que, pelo fato de não haver na resolução votada nenhuma alusão ao bloqueio (americano contra Cuba), se torna uma proposta muito distorcida". E o senador peronista Eduardo Menem, irmão do ex-presidente Carlos Menem, declarou que "lamentavelmente, seguindo uma política equivocada de governo e uma política equivocada do governo anterior, votou-se contra Cuba. O governo está respondendo aos interesses e à estratégia dos EUA, com os quais apenas se castiga o povo cubano, sem afetar o regime de Fidel Castro".

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