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De la Rúa já analisa demissão do presidente do BC

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente Fernando De la Rúa analisa nesta terça-feira à noite a demissão do presidente do Banco Central da Argentina, Pedro Pou. A decisão de De la Rúa seria tomada depois de receber uma Comissão Parlamentar que investigou o envolvimento de Pou com operações de lavagem de dinheiro. A comissão, que ficou reunida duas horas e meia com De la Rúa, entregou um relatório de 400 páginas com as investigações sobre Pou e recomendou a demissão do presidente do BC. Com a provável remoção de Pou do cargo estaria concluída mais uma crise do governo argentino. Pou, designado para o cargo no governo do presidente Carlos Menem (1989-99), foi um constante incômodo para o presidente De la Rúa. O polêmico presidente do BC, além do envolvimento em uma operação internacional de lavagem, fazia freqüentes declarações sobre a necessidade de dolarização da economia. A relação do governo com Pou piorou no último mês, com a chegada ao gabinete De la Rúa de Domingo Cavallo, para ocupar o ministério da Economia. Nos últimos dias, a tensão entre os dois havia atingido níveis insustentáveis. Depois da disparada do risco-país nesta segunda-feira, ultrapassando 1.300 pontos, o nervoso ministro disparou uma saraivada de críticas contra Pou, acusando-o de espalhar rumores sobre a capacidade de pagamento da Argentina. Além disso, Cavallo afirma que Pou foi o responsável pelos boatos sobre uma eventual dolarização da economia. Com isto, o ministro sustenta que Pou não fez o que um presidente de um Banco Central deveria ter como dever máximo: a preservação do valor da moeda. Rumores no setor financeiro indicavam que, em troca do apoio à remoção de Pou, o setor financeiro teria pedido um ?esfriamento? do projeto de criação de uma cesta de moedas, na qual o peso, além de estar amarrado ao dólar, também estaria vinculado ao euro. Esta possibilidade não havia sido confirmada até o fim desta terça-feira, e a Câmara de Deputados preparava-se para debater o projeto ao longo do dia desta quarta-feira. Em 1996, Pou ocupou o cargo de presidente do BC com a saída de Roque Fernández. Este, por sua vez, tornou-se ministro da Economia com a demissão de Domingo Cavallo. Em 1998, com a modificação da estrutura do BC, Pou foi ratificado no cargo pelo Congresso Nacional, com mandato até 2004. No início deste ano, uma investigação do Senado dos EUA indicou que Pou teria ocultado informações sobre a lavagem de dinheiro entre o extinto Banco República, da Argentina, o Federal Bank, das Bahamas, e o Citibank. Além disso, Pou está sendo investigado por suposto enriquecimento ilícito. Com a eventual saída de Pou, o presidente De la Rúa designaria o banqueiro Roque Maccarone, de 68 anos. No entanto, seu nome precisaria ser aprovado por maioria simples no Senado. Fontes do setor financeiro sustentam que Maccarone conta com a aprovação dos principais banqueiros do país. Amigo de Cavallo, Maccarone é considerado um dos banqueiros ?mais astutos? da city financeira de Buenos Aires. Durante o governo Menem foi secretário de Bancos e Finanças e, posteriormente, presidente do Banco de La Nación. Considerado pragmático, os analistas prevêem que Maccarone não hesitará em tomar as medidas necessárias para evitar o agravamento da crise. Em recente conversa com Cavallo, Maccarone afirmou que é um absurdo que o BC possua reservas mais altas do que as necessárias. A possibilidade de que Maccarone ocupe a presidência do BC também recebeu apoio do ex-presidente Raúl Alfonsín, com quem Cavallo se reuniu na noite desta terça-feira.

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