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De linha-dura a reformista, Raúl sai da sombra

Novo presidente transformou Forças Armadas em modelo de gestão para a ilha

Por Havana
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Irmão mais novo de Fidel, Raúl Castro, de 76 anos, esteve à sombra do líder cubano desde os primeiros anos da Revolução. Ele nunca foi carismático ou afeito aos atos públicos. À frente das Forças Armadas, ocupava-se em preparar a defesa do país para uma eventual invasão americana e aparecia poucas vezes junto do irmão - uma velha precaução para o caso de atentados. Enquanto Fidel só aderiu ao socialismo em 1961, Raúl ainda na juventude abraçou as teorias de Marx . Tido como um linha-dura no que diz respeito à abertura política e no combate aos "inimigos" do regime, ele vem dando sinais de flexibilidade e pragmatismo há algum tempo na economia, o que aumenta as expectativas por mudanças. Na década de 90, o irmão de Fidel apoiou e supervisionou as reformas que abriram a economia cubana para o capital externo, numa tentativa de salvá-la da ruína após o corte dos subsídios soviéticos. Também foi Raúl quem ajudou a transformar as Forças Armadas cubanas em uma das mais eficientes organizações do país do ponto de vista gerencial. Os militares tomaram o controle de estatais e áreas estratégicas, aplicando métodos capitalistas para aumentar o lucro em negócios que vão do plantio de feijão à administração de hotéis e companhias aéreas. LUTA EM ANGOLA Na década de 1970, Raúl esteve associado ao envolvimento militar de Cuba em Angola e na Etiópia. Ele se consolidou como sucessor de Fidel a partir de 1997, quando tornou-se o "número 2" na hierarquia do Executivo e do Comitê Central (PCC) - impondo-se à pretensão dos líderes da nova geração comunista, como o chanceler Felipe Pérez Roque e o chefe do Conselho de Ministros, Carlos Lage. O cargo de presidente interino da ilha lhe foi entregue em julho de 2006, quando Fidel teve de se submeter a uma cirurgia de emergência no intestino. Às vésperas de completar o seu primeiro ano nessa função, ele fez um discurso surpreendente no qual reconheceu erros, prometeu "mudanças estruturais" na economia da ilha e ofereceu diálogo aos Estados Unidos. Em 1964, Raúl já havia dito que estaria disposto a conversar com os americanos "ainda que fosse na lua". REUTERS, EFE E AP

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