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Debate: O plano dos EUA é uma oportunidade de se chegar à paz? 

O cônsul-geral de Israel em São Paulo e o embaixador da Autoridade Palestina debatem sobre o plano anunciado pelo presidente Donald Trump para o conflito entre israelenses e palestinos

Por Renata Tranches
Atualização:

Para o cônsul-geral de Israel em São Paulo, Alon Lavi, o plano do presidente americano, Donald Trump, para o conflito entre israelenses e palestinos é uma oportunidade para dar início às negociações, ainda que muitos detalhes precisem ser esclarecidos. O embaixador da Autoridade Palestina, em Brasília, Ibrahim al-Zebem, por outro lado, considerou a proposta um "ultimato" e destacou que os palestinos não foram consultados. 

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Alon Lavi

Sim Esta é uma oportunidade importante para se dar início às negociações. O plano fala sobre como podemos melhorar a situação na região, não só para os israelenses, mas também para os palestinos. Há ainda muita coisa que Israel precisa fazer para melhorar a situação dos palestinos e há muita coisa que os palestinos precisam fazer para melhorar a situação deles mesmos e dos israelenses. O mais importante é abrir as negociações e seguir em frente.

Com relação à melhoria econômica, o mundo vai ajudar. Por exemplo, parte do Neguev está incluída no futuro Estado palestino, onde poderão ser construídos parques tecnológicos e agrícolas para aumentar empregos, com investimentos estrangeiros e árabes. É importante ressaltar que parte importante desse plano é dar início às negociações. Há muitos detalhes que ainda não conhecemos. Israel, EUA, Europa já tentaram muitas vezes o mesmo plano, com algumas mudanças, sem sucesso. Einstein dizia que fazer a mesma coisa e esperar resultados diferentes é uma loucura. Agora, temos um plano diferente, que pode ser uma oportunidade. 

Bandeira de Israel em Jerusalém com a mesquita de Al-Aqsa ao fundo Foto: EFE/EPA/ABIR SULTAN

Ibrahim al-Zebem

Não Ficou claro que não estávamos fora de si quando nos recusamos a aceitar esse ultimato. Para se fazer um plano de paz entre palestinos e israelenses, o lógico é que os palestinos estejam presentes e sejam consultados. Quando observamos as imagens da entrevista coletiva, é um pronunciamento de Israel com Israel, agradando à ocupação, dando-lhe mais de 8% do território ocupado, como o Vale do Rio Jordão, blocos de assentamentos, Jerusalém como sua capital indivisível, enfim, tudo o que Israel queria.

Foi feito um processo de paz entre EUA e Israel, sem nos consultar, ou envolver Europa, Rússia, e querem nos impor à força. Seria um Estado palestino sem contiguidade que ficaria subdividido em cantões com limites de Israel ao norte, leste e oeste. Praticamente, ficaríamos em um gueto. Estão fazendo uma propaganda eleitoral para salvar Trump, que está com grandes problemas, e Netanyahu, que foi indiciado. Há mais de cem anos lutamos por nossa liberdade. Um ano a mais, um ano a menos, não fará diferença. Apenas prolongará o conflito. 

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