Depois do massacre de Charleston, na Carolina do Sul, o senador Joe Manchin, autor de uma proposta para regular o uso de armas há dois anos, divulgou um comunicado no qual lamenta a perda de nove vidas. O democrata, no entanto, não fez nenhuma referência ao controle de armas de fogo. O mesmo ocorreu com as condolências divulgadas por Mike Thompson, democrata responsável pela Comissão de Prevenção à Violência Provocada por Armas de Fogo, pela líder da minoria democrata na Câmara dos Deputados, Nancy Pelosy, e pelo republicano Patrick Toomey, coautor do projeto de Manchin. Três anos depois da morte de 20 crianças na escola primária de Sandy Hook, em Connecticut, a perspectiva de uma legislação do gênero, ainda que branda, é cada vez mais remota. Parlamentares, escaldados com a derrota do projeto anterior, mesmo com toda a emoção provocada pela morte de 20 crianças, estão céticos. O pessimismo foi corroborado pelo presidente Barack Obama em discurso após o massacre. "Em alguma altura, nós, como país, teremos de lidar com o fato de que essa violência em massa não ocorre em outros países desenvolvidos", disse. "Está ao nosso alcance fazer algo sobre isso. Mas reconheço que a política aqui em Washington fecha os caminhos que estão abertos para isso."Desde o massacre de Newtown, o Congresso ganhou mais parlamentares contrários ao controle de armas em suas duas casas. Apesar do esforço de Obama na questão, a tentativa de aprovar uma lei fracassou. Na pauta política americana, a questão da violência com armas de fogo foi substituída pela discriminação racial, em virtude dos frequentes casos de violência de policiais brancos contra suspeitos negros. O ataque em Charleston uniu os dois temas. "Justificável ou não, sempre houve uma relutância em discutir políticas públicas nas 24 horas seguintes a uma grande tragédia. No entanto, realmente acredito que isso tem nos feito cúmplices dessas mortes", disse o senador democrata Christopher Murphy. "Nunca me senti sozinho na questão das armas, porque 90% da população me apoia. Só não sei como chegaremos a uma lei." / NYT