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Defesa de Saboia alegará que ele teve 'carta branca'

Ex-presidente da OAB, advogado do diplomata diz que Patriota e Dilma receberam informações e ele não violou hierarquia

Foto do author Leonencio Nossa
Por Leonencio Nossa e BRASÍLIA
Atualização:

A defesa do diplomata Eduardo Saboia, montada pelo ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Ophir Cavalcante Junior, sustentará que ele recebeu "carta branca" do Itamaraty e do Planalto para garantir a vida do senador boliviano Roger Pinto, retirado da representação em La Paz após 455 dias de confinamento. Ontem, Pinto partiu de Brasília e foi para Goiás para "evitar a politização" de seu caso.A presidente Dilma Rousseff e o então chanceler Antonio Patriota receberam constantemente informações sobre o desgaste físico e mental do parlamentar. "O objetivo dessa defesa não é político, mas demonstrar que Eduardo Saboia não quebrou hierarquia", afirma o advogado. "Ele agiu dentro do estrito dever profissional de trazer o senador para o Brasil."Na sexta-feira, Saboia e Cavalcante Junior estiveram no Itamaraty para comunicar o endereço do diplomata em Brasília. Dois representantes da sindicância montada para avaliar a conduta de Saboia no episódio fizeram perguntas informalmente. Sindicância. Para o advogado, ficou claro que há pressão do Planalto. Ele teme que, por questão política, a sindicância de caráter investigativo evolua para um processo administrativo, no qual podem ser adotadas medidas de advertência e até demissão de um funcionário público. Causou estranheza na defesa o fato de a sindicância ser integrada por representantes de setores externos do Itamaraty. "Essa questão política tem um limite. Ninguém está acima da Constituição", disse o advogado.Cavalcante Junior já montou um histórico da atuação do diplomata entre os dias 28 de maio e 24 de agosto, período em que chefiou a embaixada brasileira em La Paz e teve de conviver com o drama do senador. Saboia enviou dezenas de comunicados para o Itamaraty, que repassava a situação do congressista boliviano ao gabinete de Dilma.

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