Defesa dos EUA teme ataque interno durante posse de Biden

FBI avalia tropas da Guarda Nacional enviadas a Washington e membros da segurança do presidente eleito para evitar que segurança seja comprometida

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Por Lolita C. Baldor
Atualização:

WASHINGTON - Oficiais do Departamento de Defesa dos EUA estão preocupados com a possibilidade de um "ataque interno" durante a posse do presidente eleito, Joe Biden. De acordo com autoridades ouvidas pela Associated Press, o alerta é que algum envolvido na segurança do evento possa comprometer a segurança da transmissão do cargo ao democrata, o que fez com que o FBI passasse a examinar a ficha dos cerca de 25 mil homens da Guarda Nacional enviados a Washington para fazer a segurança do evento presidencial.

O enorme esforço reflete a preocupação com a segurança que tomou Washington após a insurreição de 6 de janeiro no Capitólio dos EUA por vândalos pró-Trump. E ressalta o temor de que algumas das próprias pessoas designadas para proteger a cidade nos próximos dias possam representar uma ameaça para o novo presidente e para outras autoridades presentes.

Guarda Nacional realiza exercício de treinamento antes da posse de Joe Biden como presidente dos EUA. Foto: AP Photo/Patrick Semansky

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O secretário do Exército, Ryan McCarthy, disse à AP no domingo, 17, que os oficiais estão cientes da ameaça potencial e alertou os comandantes para estarem atentos a quaisquer problemas em suas fileiras conforme a posse se aproxima. Até agora, no entanto, ele e outros líderes afirmam não ter visto nenhuma evidência de qualquer ameaça, e as autoridades disseram que a investigação não sinalizou nenhum problema.

"Estamos continuamente passando pelo processo e dando uma segunda, terceira olhada em cada um dos indivíduos

designados para esta operação", disse McCarthy em uma entrevista depois que ele e outros líderes militares passaram por um exercício exaustivo de segurança de três horas, em preparação para o evento de quarta-feira. Ele disse que os membros da Guarda também estão recebendo treinamento sobre como identificar potenciais ameaças internas.

Cerca de 25 mil homens da Guarda Nacional estão sendo enviados para Washington, provenientes de todo o país - um número pelo menos duas vezes e meia maior do que o contingente deslocado anteriormente. E embora os militares revisem rotineiramente os membros do serviço em busca de conexões extremistas, a triagem do FBI é uma adição a qualquer monitoramento anterior.

Homens da força aérea também reforçam esquema de segurança para a posse do presidente Jor Biden. Foto: AP Photo/Andrew Harnik

Vários oficiais disseram que o processo começou quando as primeiras tropas da Guarda começaram a ser enviadas para a capital, há mais de uma semana. E eles disseram que a avaliação deve ser concluída na quarta-feira. Vários oficiais discutiram o planejamento militar sob condição de anonimato.

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"A questão é: são todos eles? Existem outros?", disse McCarthy. "Precisamos estar cientes disso e colocar todos os mecanismos em funcionamento para examinar minuciosamente esses homens e mulheres que apoiariam qualquer operação como essa."

Em uma situação como esta, a verificação do FBI envolveria a análise de nomes de pessoas em bancos de dados e listas de observação mantidas pela agência para ver se há algo alarmante. Isso pode incluir envolvimento em investigações anteriores ou preocupações relacionadas ao terrorismo, disse David Gomez, ex-supervisor de segurança nacional do FBI em Seattle.

Ameaças internas têm sido uma prioridade da aplicação da lei nos anos após os ataques de 11 de setembro de 2001. Mas, na maioria dos casos, as ameaças vêm de insurgentes locais radicalizados pela Al-Qaeda, Estado Islâmico ou grupos semelhantes. Em contraste, as ameaças contra a posse de Biden foram alimentadas por apoiadores do presidente Donald Trump, militantes de extrema direita, supremacistas brancos e outros grupos radicais. Muitos acreditam nas acusações infundadas de Trump de que a eleição foi roubada, uma afirmação que foi refutada por muitos tribunais, o Departamento de Justiça e funcionários republicanos em Estados-chave.

Manifestantes pró-Trump invadem o Capitólio, em Washington, para defender presidente contra 'fraude eleitoral'. Foto: Evelyn Hockstein for The Washington Post

A insurreição no Capitólio começou depois que Trump fez comentários incendiários em um comício em apoio aos candidatos republicanos ao Senado na Geórgia, no dia 6 de janeiro. De acordo com McCarthy, membros das forças de segurança do país estiveram no evento, mas não está claro quantos estavam lá ou quem pode ter participado da violação no Capitólio. Até agora, apenas alguns membros da ativa ou da Guarda Nacional foram presos em conexão com o ataque ao Capitólio, que deixou cinco pessoas mortas.

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O general Daniel R. Hokanson, chefe do Escritório da Guarda Nacional, tem se encontrado com as tropas que chegam a Washington. Ele disse acreditar que existem bons processos em vigor para identificar quaisquer ameaças potenciais.

"Se houver qualquer indicação de que algum de nossos soldados ou aviadores está expressando coisas que são visões extremistas, isso ou é entregue às autoridades policiais ou lidado com a cadeia de comando imediatamente", disse ele.

A ameaça interna, no entanto, foi apenas uma das preocupações de segurança expressas por oficiais no domingo, quando dezenas de militares, da Guarda Nacional, da polícia e de Washington passaram por um treinamento de segurança no norte da Virgínia. 

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O Serviço Secreto é responsável pela segurança do evento, mas há uma grande variedade de militares e policiais envolvidos, que vão desde a Guarda Nacional e o FBI ao Departamento de Polícia Metropolitana de Washington, Polícia do Capitólio dos EUA e Polícia de Parques dos EUA.

Os comandantes examinaram todos os aspectos do complicado bloqueio de segurança da cidade, com McCarthy e outros enchendo-os de perguntas sobre como as tropas responderão em qualquer cenário e como podem se comunicar com as outras agências de fiscalização espalhadas pela cidade.

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Hokanson disse acreditar que suas tropas foram adequadamente equipadas e preparadas e que estão praticando situações simuladas ao máximo para que possam se preparar para qualquer contingência.

A maior preocupação de segurança é um ataque por grupos armados de indivíduos, bem como explosivos plantados e outros dispositivos. McCarthy disse que relatórios de inteligência sugerem que grupos estão organizando manifestações armadas que antecederão o dia da posse, e possivelmente depois disso.

A maior parte dos membros da Guarda estará armada. E McCarthy disse que as unidades estão passando por repetidos exercícios para praticar quando e como usar a força e como trabalhar com os parceiros responsáveis pela aplicação da lei - já que os policiais é que devem fazer qualquer prisão.

O objetivo principal, disse ele, é que a transferência de poder da América aconteça sem incidentes.

"Essa é uma prioridade nacional. Temos que ter sucesso como instituição", auxilia McCarthy. "Queremos enviar a mensagem a todos nos Estados Unidos e no resto do mundo de que podemos fazer isso com segurança e paz."

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