Delegação africana irá à Costa do Marfim para pedir saída do presidente

Bloco regional já havia ameaçado 'usar a força' caso Laurent Gbagbo não entregue o poder

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ABIDJÃ - Uma delegação de líderes do oeste africano afirmou neste domingo, 26, que irá à Costa do Marfim na próxima terça-feira para tentar persuadir o atual líder do país, Laurent Gbagbo, a deixar a Presidência. A delegação será constituída pelos presidentes de Benin, Cabo Verde e Serra Leoa, segundo anúncio da Chancelaria beninense. A Costa do Marfim está à beira da guerra civil por causa da incerteza política causada pelas eleições presidenciais de novembro, em que os dois principais candidatos reclamam vitória. Cerca de 17 mil pessoas já fugiram do país para escapar da violência que se seguiu ao pleito, disse neste sábado a agência de refugiados da ONU (UNHCR). Catorze mil foram para a Libéria, e três mil, para outros países da região. A visita de líderes à Costa do Marfim se segue a um comunicado do bloco regional de nações oeste-africanas (Ecowas), que na sexta-feira ameaçou usar a "força legítima" caso Gbagbo se recuse a deixar o cargo e não aceite a vitória de seu adversário, Alassane Ouattara, reconhecido internacionalmente como o vencedor do pleito de novembro. Até o momento, Gbagbo não tem dado sinais de que vá ceder. Neste domingo, um assessor do presidente, Yao Gnamien, disse à rede Al-Jazeera que os líderes estrangeiros têm primeiro de "ver a situação antes de decidir que ação deve ser tomada". "A ONU não pode usar a força contra o presidente. A União Africana não pode usar a força contra o presidente. Devem primeiro identificar claramente qual o motivo desta crise. Por que precisamos usar a força em algum momento?", agregou o assessor. Eleição contestada Gbagbo alega que a votação do dia 28 de novembro - que tinha como objetivo unificar o país após a guerra civil iniciada em 2002 - foi fraudada em áreas do norte do país, controladas por rebeldes aliados ao adversário Ouattara. A comissão eleitoral do país declarou Ouattara vencedor do pleito, mas o Conselho Constitucional deu a vitória a Gbagbo, a despeito de queixas da comunidade internacional. Ouattara e seus simpatizantes estão isolados em um hotel no centro de Abidijan, protegidos pelas tropas de paz da ONU.

 

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