Demitido agente do FBI que trocou mensagens privadas contra Trump 

Em troca de mensagem com a amante, Peter Strzok afirma que 'pararia' o republicano antes que fosse eleito, em 2016

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WASHINGTON - O agente do FBI Peter Strzok, que foi retirado da investigação sobre a interferência russa nas eleições presidenciais de 2016 depois de ser revelado que trocou mensagens privadas de texto contra Donald Trump, foi demitido, disse seu advogado nesta segunda-feira, 13.

Aitan Goelman, advogado de Strzok, disse que seu cliente, funcionário do FBI (Polícia Federal americana) por 21 anos, foi demitido na sexta-feira pelo seu subdiretor direto, David Bowdich.

O agente do FBI Peter Strzok foi demitido por criticar Trump Foto: EFE/ Jim Lo Scalzo

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A medida foi tomada apesar de o escritório disciplinar ter decidido que Strzok deveria enfrentar uma destituição e suspensão de 60 dias, segundo o advogado, que descreveu a demissão como "um desvio das práticas típicas da agência". 

"Essa decisão deveria ser muito preocupante para todos os americanos", assinalou Goelman em um comunicado. 

"Uma longa investigação e múltiplas rodadas de depoimentos do Congresso não deram nenhuma pista de evidência de que os pontos de vista pessoais do agente especial Strzok tenham afetado o seu trabalho", assegurou. 

"De fato, em suas décadas de serviço, o agente especial Strzok demonstrou ser um dos principais oficiais de contrainteligência do país", acrescentou o advogado. 

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A decisão de demiti-lo, alegou Goelman, foi uma resposta "à pressão política e para punir o agente especial Strzok por seu discurso político protegido pela Primeira Emenda, e não por uma análise justa e independente dos fatos".

"É uma decisão que só produz um ganhador: os que buscam prejudicar o nosso país e enfraquecer a nossa democracia", acrescentou.

Strzok, de 48 anos, e sua amante, a ex-advogada do FBI Lisa Page, trocaram mensagens de texto durante a campanha eleitoral de 2016 nas quais criticavam Trump, então candidato republicano à presidência. 

Nesse diálogo, a advogada perguntava ao então agente se Trump chegaria a ser presidente e ele respondeu: "Não, não conseguirá. Nós o pararemos".

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Strzok participou das investigações sobre o uso do e-mail da adversária de Trump nas eleições presidenciais, Hillary Clinton, e no início da investigação sobre a trama russa, liderada pelo procurador especial Robert Mueller, até que a conversa com sua amante se tornou pública e o agente foi afastado do caso.

A figura de Strzok, que ficou desprestigiada em um relatório interno do FBI divulgado em junho, foi usada em múltiplas ocasiões por Trump para atacar o trabalho de Mueller, que investiga os supostos vínculos entre a campanha de Trump e o Kremlin.

Trump aproveitou as mensagens para reforçar a sua afirmação de que a investigação é uma "caça às bruxas" política por parte de procuradores enviesados.

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"O agente Peter Strzok acaba de ser demitido do FBI, finalmente. Com base no fato de que Strzok estava no comando da Caça às Bruxas (em referência à trama russa), ela terminará?", perguntou no Twitter o presidente, que pediu que a investigação sobre os e-mails de Hillary seja refeita "corretamente".

No início de julho, Strzok explicou diante de duas comissões do Congresso que tinha informações que teriam acabado com a candidatura de Trump em 2016, mas nunca passou pela sua cabeça torná-las públicas, e enfatizou que o FBI não está contaminado por motivações partidárias.

"Deixem-me esclarecer, inequivocamente e sob juramento: nem uma vez nos meus 26 anos de defesa do meu país as minhas opiniões pessoais impactaram nas ações oficiais que executei", enfatizou o agente ao ser questionado pelos congressistas da Câmara dos Deputados. / AFP e EFE 

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