Democracia russa é 'jogo de cena', diz estudo

Análise afirma que Iraque, Paquistão e Haiti são países mais democráticos do que a Rússia

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Por TALITA EREDIA
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Um estudo publicado pela revista The Economist diz que Iraque, Paquistão e Haiti são mais democráticos que a Rússia, considerada autoritária ao lado de China e Coreia do Norte. A análise do progresso dos países em 2011 afirma que o Kremlin é uma "encenação" e critica a candidatura do primeiro-ministro Vladimir Putin à presidência. Analistas advertem que um novo mandato de Putin será mais repressivo."Neste momento, o Kremlin prefere uma abordagem suave, adiando o confronto, mas é fato que o governo prepara os mecanismos de repressão. Basta ver o investimento de 33% para agências comandadas pelos siloviki (políticos que fizeram parte da polícia secreta ou das Forças Armadas), os investimentos militares e o corte nas verbas de saúde e educação. São sinais claros de que Putin está se preparando para lidar com manifestações", afirma Lilia Shevtsova, diretora do programa de Política Doméstica Russa do Carnegie Moscow Center e autora do livro Change or Decay (Mudança ou Decadência, em tradução livre) A Rússia aparece em 117.º lugar no ranking e estreou na lista de Estados autoritários na segunda posição, atrás de Madagáscar. O relatório chama de "cínica" a decisão de Putin de voltar à presidência e a considera um retrocesso, além de ridicularizar as instituições democráticas. Para Alex Nice, coordenador do programa de Rússia do Chatham House, a política russa não passa de uma "imitação da democracia". "Os líderes e a elite dependem da aparência de um processo democrático para legitimá-los, fazem eleições parlamentares, presidenciais, mas não são disputas verdadeiras. Temos partidos opositores envolvidos com o Kremlin que nem mesmo votam contra o governo. É uma imitação de um sistema político aberto", diz.Para Lilia Shevtsova, enquanto Moscou mantém a prática tradicional de subornar a sociedade com promessas, usa a violência e a repressão seletiva. Nice lembra que a Rússia está amplamente integrada ao sistema internacional e não quer perder legitimidade. "Sempre será uma repressão calculada. Na recente onda de protestos, o Kremlin foi inteligente, permitiu as manifestações e controlou a reação da polícia de forma responsável. O problema é que, quando uma onda de insatisfação pública começa, é difícil que ela retroceda rapidamente."

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