WASHINGTON - A liderança democrata no Congresso acusou nesta quarta-feira, 16, o presidente Donald Trump de ofender a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, em uma reunião sobre a operação militar da Turquia contra milícias curdas na Síria. Ainda segundo os democratas, a Casa Branca impediu o acesso dos congressistas a um relatório confidencial sobre a crise.
Pelosi disse que Trump "sofreu um surto" na reunião e começou a ofendê-la. O líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer, disse que o presidente chamou Pelosi de uma política de terceira linha e endereçou um ataque verbal violento e grosseiro à presidente da Câmara. "Temos que rezar pela saúde do presidente, porque foi um surto muito sério", disse Pelosi. "Não estou falando mentalmente, mas da maneira como ele lida com a verdade".
Mais cedo, com apoio dos republicanos, a Câmara aprovou uma resolução condenando a decisão de Trump de retirar tropas do norte da Síria – o que abriu caminho para a incursão turca e a ampliação da presença militar da Rússia na região.
“Acho que o tamanho da derrota, com dois terços dos republicanos votando contra ele, provavelmente o afetou”, acrescentou Pelosi. “Ele estava bastante afetado. E foi por isso que interrompemos o encontro. Ele não estava conectado à realidade da situação.”
“Ele foi particularmente grosseiro com a presidente, mas ela manteve a calma”, acrescentou Schurmer. “Foi um ataque verbal sem vínculo com os fatos.”
Na moção, os deputados se opuseram à decisão de por fim aos esforços dos Estados Unidos de evitar operações militares turcas contra curdos no norte da Síria. A condenação teve o apoio de 354 deputados e foi rechaçada por apenas 60 deles.
Os parlamentares também pediram que o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, interrompa as operações militares na região.
Mais cedo, em encontro com o presidente italiano Sergio Matarella, Trump relativizou a aliança entre americanos e milícias curdas – responsáveis por combater o Estado Islâmico (EI) na Síria e no Iraque. Na visão do presidente, os curdos não são santos e provavelmente são uma ameaça terrorista maior que o EI.
A posição de Trump sobre a Síria tem provocado críticas dentro de seu próprio partido, que teme os efeitos geopolíticos de uma incursão turca na Síria. Abalado por uma guerra civil que já dura oito anos, o país vive um conflito com diversas forças externas envolvidas, como russos, americanos, turcos e curdos, além de grupos leais e de oposição a Bashar Assad e terroristas ligados ao Estado Islâmico. /AP, AFP e WASHINGTON POST